quinta-feira, 12 de julho de 2012

INSÓLITO PERDÃO


De novo alguns dias com Santa Tecla e terras galegas à vista, por conseguinte mais atento às questões vizinhas, fiquei deveras impressionado com uma página de publicidade paga, hoje no El País.
O título é insólito: “Antes de nada, perdón”.
Quem assina? Nada mais nada menos do que o Presidente Executivo do agora banco Novagalicia e o seu Conselheiro Delegado.
Permitam-me que vos cite os seis primeiros parágrafos:
Somos o presidente executivo e o conselheiro delegado do Banco Novagalicia. Escrevemos este texto para vos transmitir a nossa ilusão e confiança neste grande projeto para a Galiza.
Apesar de tudo e antes de mais nada, queremos pedir desculpas em nome do banco pelo que de errado foi feito na fase anterior.
Essas más práticas foram concretizadas antes da nossa chegada ao Novagalicia, mas é nossa obrigação assumirmos a responsabilidade. Os clientes das caixas merecem um reconhecimento público dos erros, umas palavras de desculpa e o compromisso firme de que procuraremos soluções.
Pedimos perdão pelo erro de termos comercializado produtos preferenciais entre os nossos clientes particulares que não tinham conhecimentos financeiros, causando-lhes problemas tão graves.
Pedimos perdão pelas indemnizações abusivas que alguns ex-diretores das antigas caixas receberam.
Pedimos perdão, também, por alguns investimentos pouco prudentes realizados no passado.
Insólito não é. Mera estratégia comercial? Arrependimento sincero? Compromisso firme de mudança de rumo?
Este assunto apaixona-me porque a queda das caixas galegas é o rombo mais sério provocado no galeguismo nos tempos mais recentes, a destruição mais ou menos esperada de um dos símbolos do poder regional na Galiza e de algumas relações de poder que atravessam o seu território.
Se a moda do perdão pega, não vai haver confessionários públicos que cheguem para conter tanto arrependimento.
Vá lá que alguns dos implicados, atendendo às suas relações preferenciais, utilizarão o isolamento dos retiros para se auto-castigarem e purificarem tão condoídas mentes, atenuando a sobrecarga dos confessionários públicos.

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