De novo alguns dias com Santa Tecla e terras galegas à
vista, por conseguinte mais atento às questões vizinhas, fiquei deveras
impressionado com uma página de publicidade paga, hoje no El País.
O título é insólito: “Antes de nada, perdón”.
Quem assina? Nada mais nada menos do que o Presidente
Executivo do agora banco Novagalicia e o seu Conselheiro Delegado.
Permitam-me que vos cite os seis primeiros parágrafos:
“Somos o presidente executivo e o conselheiro delegado do
Banco Novagalicia. Escrevemos este texto para vos transmitir a nossa ilusão e
confiança neste grande projeto para a Galiza.
Apesar
de tudo e antes de mais nada, queremos pedir desculpas em nome do banco pelo
que de errado foi feito na fase anterior.
Essas
más práticas foram concretizadas antes da nossa chegada ao Novagalicia, mas é
nossa obrigação assumirmos a responsabilidade. Os clientes das caixas merecem
um reconhecimento público dos erros, umas palavras de desculpa e o compromisso
firme de que procuraremos soluções.
Pedimos
perdão pelo erro de termos comercializado produtos preferenciais entre os
nossos clientes particulares que não tinham conhecimentos financeiros, causando-lhes
problemas tão graves.
Pedimos
perdão pelas indemnizações abusivas que alguns ex-diretores das antigas caixas
receberam.
Pedimos
perdão, também, por alguns investimentos pouco prudentes realizados no passado.”
Insólito não é. Mera estratégia comercial? Arrependimento
sincero? Compromisso firme de mudança de rumo?
Este assunto apaixona-me porque a queda das caixas
galegas é o rombo mais sério provocado no galeguismo nos tempos mais recentes,
a destruição mais ou menos esperada de um dos símbolos do poder regional na
Galiza e de algumas relações de poder que atravessam o seu território.
Se a moda do perdão pega, não vai haver confessionários públicos
que cheguem para conter tanto arrependimento.
Vá lá que alguns dos implicados, atendendo às suas relações
preferenciais, utilizarão o isolamento dos retiros para se auto-castigarem e purificarem
tão condoídas mentes, atenuando a sobrecarga dos confessionários públicos.
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