quarta-feira, 25 de julho de 2012

COMÉRCIO EXTERNO INTRA UE E COM O EXTERIOR


Rebecca Wilder é um nome sugestivo de mulher e os seus gráficos que por vezes aparecem no ECONOMONITOR fazem jus a essa característica.
É este o caso. De 1999 a 2011, a cronista analisa o comércio externo (ou melhor, os saldos externos em percentagem do PIB) em duas dimensões: a do chamado comércio intra zona euro e a do saldo comercial com o exterior. O objetivo é situar as diferentes economias do ponto de vista do seu posicionamento relativo dinâmico.
No gráfico acima, que capta a perspetiva do comércio intra-zona euro, é de facto impressionante a capacidade dinâmica da Holanda, ganhando posição nesse contexto, percentualmente mais dinâmica do que as performances de Portugal e de Espanha que, mesmo assim, se destacam. Esta capacidade dinâmica dos holandeses diz bem do seu modo muito particular de estar na União Europeia. Sorrateiros, sempre profissionais e implacáveis na negociação e constituindo hoje, pelo menos em alguns setores de atividade (como o calçado, por exemplo) uma verdadeira plataforma giratória do comércio asiático na Europa. Curiosa é também a posição da Alemanha, com uma posição praticamente equilibrada (com perda muito ligeira) no seio da zona euro, o que a transforma num suave perdedor.
No gráfico abaixo, que capta a perspetiva do saldo com o exterior da EU, a Holanda continua a apresentar os ganhos mais consideráveis, com Portugal na peugada e neste caso com a Alemanha, Luxemburgo, Irlanda e Espanha também com ganhos nesta perspetiva. É sobretudo relevante anotar a melhor performance portuguesa quando comparada com a espanhola em matéria de diversificação do seu saldo externo.

Os dois gráficos permitem ainda compreender melhor o problema de competitividade francês (Hollande que se cuide).
Mas estes gráficos estão também a ser utilizados como arma de arremesso na barganha política que os alemães estão a desenvolver, invocando que já são perdedores no seio da zona euro e que por isso não poderão ser os motores da reflação que lhes é solicitado.
Ora, como já aqui referi por mais de uma vez, não são os défices comerciais os responsáveis pela acumulação de créditos líquidos que a Alemanha está a acumular face ao sistema de compensação TARGET2. A acumulação desses créditos líquidos tem na fase mais recente que ver com repatriamento de capital alemão que se retirou das suas antigas aplicações na periferia da zona euro, rejeitando o seu refinanciamento.

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