domingo, 22 de julho de 2012

DESMORONAMENTO


(El País)

A tragédia espanhola evolui rapidamente para uma derrocada de todos os pressupostos que fundamentaram a estratégia do governo de Rajoy na abordagem à crise. Três fases, três estados de espírito: primeiro arrogante, depois displicente e finalmente acossado.
A ameaça de seis comunidades espanholas solicitarem um modelo de resgate financeiro ao governo e aos fundos para tal preparados (Comunidade Valenciana e Múrcia estão confirmados) ilustra bem como a crise bancária espanhola tem relações profundas com o já aqui referido sui generis modelo de devolução política em Espanha: comunidades que se afirmam pela despesa e pelo endividamento sem capacidade de tributação própria.
Cai assim por terra um dos mais importantes fatores de dinamismo atribuídos à descentralização espanhola. As Caixas de Ahorros, não todas, têm-se desmoronado como baralho de cartas instável. Aliás há uma correlação evidente entre tal fenómeno e um já sem número de situações que têm passado pelos tribunais espanhóis ou estão em investigação judicial. E o PP (embora não sozinho) tem estado sobrerepresentado em todas essas situações. Até a vitimizada Andrea Fabra do “que se jodan” que fez explodir o “congreso de los diputados” é agora focada (há frases que dão a glória)como herdeira natural de uma família que ocupou a Diputación de Castellón durante cerca de 140 anos. O pai Carlos Fabra foi governador de Castellón durante 16 anos e está profundamente ligado a uma das histórias mais rocambolescas da Espanha recente, o aeroporto de Castellón, uma espécie de Beja.
Com o desmoronamento a pique, Draghi vai avisando que o BCE não resolve problemas nacionais. O acossado é um bom título para os próximos dias da vida de Rajoy.

Sem comentários:

Enviar um comentário