(El País)
A tragédia espanhola evolui rapidamente para uma
derrocada de todos os pressupostos que fundamentaram a estratégia do governo de
Rajoy na abordagem à crise. Três fases, três estados de espírito: primeiro
arrogante, depois displicente e finalmente acossado.
A ameaça de seis comunidades espanholas solicitarem um
modelo de resgate financeiro ao governo e aos fundos para tal preparados (Comunidade
Valenciana e Múrcia estão confirmados) ilustra bem como a crise bancária
espanhola tem relações profundas com o já aqui referido sui generis modelo de
devolução política em Espanha: comunidades que se afirmam pela despesa e pelo
endividamento sem capacidade de tributação própria.
Cai assim por terra um dos mais importantes fatores de
dinamismo atribuídos à descentralização espanhola. As Caixas de Ahorros, não
todas, têm-se desmoronado como baralho de cartas instável. Aliás há uma
correlação evidente entre tal fenómeno e um já sem número de situações que têm
passado pelos tribunais espanhóis ou estão em investigação judicial. E o PP
(embora não sozinho) tem estado sobrerepresentado em todas essas situações. Até
a vitimizada Andrea Fabra do “que se jodan” que fez explodir o “congreso de los
diputados” é agora focada (há frases que dão a glória)como herdeira natural de
uma família que ocupou a Diputación de Castellón durante cerca de 140 anos. O
pai Carlos Fabra foi governador de Castellón durante 16 anos e está profundamente ligado a uma das histórias mais rocambolescas da Espanha recente, o aeroporto de Castellón, uma espécie de Beja.
Com o desmoronamento a pique, Draghi vai avisando que o
BCE não resolve problemas nacionais. O acossado é um bom título para os próximos
dias da vida de Rajoy.
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