segunda-feira, 9 de julho de 2012

EXPERIMENTALISMO MONETÁRIO


O FT Alphaville publica hoje uma excelente peça sobre um aspeto menos comentado da deriva financeira em que estamos mergulhados, na sequência da descontrolada fase de financialização extrema do processo de globalização, para a qual não se vê fim sustentado à vista.
A Dinamarca tem mantido um regime de banda relativamente estreito relativamente ao euro, assumindo o seu banco central uma taxa de empréstimos ligeiramente superior à taxa do BCE de modo a atrair investidores financeiros ao país.

Porém, com a descida operada na taxa de referência do BCE, o banco central dinamarquês desceu as suas taxas e pelos vistos desistiu de continuar a atrair capital para parqueamento mais ou menos seguro no país. Nesse sentido, a taxa de certificado de depósitos (a conhecida CD rate) que remunera as instituições financeiras que depositam no banco central com maturidade igual ou inferior a sete dias estão hoje fixadas em – 0,2%, ou seja, uma taxa negativa de parqueamento de muito curto prazo. É a isto que o FT Alphaville chama de experimentalismo monetário. Várias estimativas apontam para custos sobre a banca de 200 a 300 milhões de coroas dinamarquesas. A Dinamarca parece assim totalmente desconfortada com o afluxo de capital que experimentou nos últimos tempos e alguns estimam mesmo que a própria taxa de oferta de fundos possa ela própria passar a uma taxa nula ou negativa (atualmente é de +0,2%).

Mais um indicador de que o problema é sistémico e global e que sem uma perspetiva de solução para a questão da zona euro os efeitos colaterais irão continuar a manifestar-se. No caso da Dinamarca, as taxas negativas cumprirão o seu papel de repelir afluxos de capital em montante indesejável ou será que a credibilidade do sistema bancário será posta em causa?

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