O FT Alphaville publica hoje uma excelente peça sobre um
aspeto menos comentado da deriva financeira em que estamos mergulhados, na sequência
da descontrolada fase de financialização extrema do processo de globalização,
para a qual não se vê fim sustentado à vista.
A Dinamarca tem mantido um regime de banda relativamente
estreito relativamente ao euro, assumindo o seu banco central uma taxa de empréstimos
ligeiramente superior à taxa do BCE de modo a atrair investidores financeiros ao
país.
Porém, com a descida operada na taxa de referência do
BCE, o banco central dinamarquês desceu as suas taxas e pelos vistos desistiu
de continuar a atrair capital para parqueamento mais ou menos seguro no país. Nesse
sentido, a taxa de certificado de depósitos (a conhecida CD rate) que remunera
as instituições financeiras que depositam no banco central com maturidade igual
ou inferior a sete dias estão hoje fixadas em – 0,2%, ou seja, uma taxa
negativa de parqueamento de muito curto prazo. É a isto que o FT Alphaville
chama de experimentalismo monetário. Várias estimativas apontam para custos
sobre a banca de 200 a 300 milhões de coroas dinamarquesas. A Dinamarca parece
assim totalmente desconfortada com o afluxo de capital que experimentou nos últimos
tempos e alguns estimam mesmo que a própria taxa de oferta de fundos possa ela
própria passar a uma taxa nula ou negativa (atualmente é de +0,2%).
Mais um indicador de que o problema é sistémico e global
e que sem uma perspetiva de solução para a questão da zona euro os efeitos
colaterais irão continuar a manifestar-se. No caso da Dinamarca, as taxas negativas
cumprirão o seu papel de repelir afluxos de capital em montante indesejável ou
será que a credibilidade do sistema bancário será posta em causa?
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