sábado, 21 de julho de 2012

OS PERIGOS DA AUSTERIDADE SEGUNDO O CONSELHO DA EUROPA


Via mão amiga, neste caso do Mário Rui Martins, Secretário-Geral do Conselho da Europa, chegam-me os ecos de uma importante votação realizada na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa.
Refiro aqui a importância desta votação porque se trata, de acordo com o meu conhecimento, da primeira resolução assumida por uma instituição internacional centrada na denúncia e condenação do modo como as políticas de austeridade estão a ser utilizadas como instrumento de sentido único e menu exclusivo de abordagem à crise das dívidas soberanas.
As ideias que mobilizaram a resolução do Conselho da Europa são muito próximas das reflexões e teses que têm sido veiculadas por este blogue, o que não deixa de ser uma pequena compensação, afetiva entenda-se, para o esforço de continuidade de reflexão que nos tem animado.
A resolução produz-se com base num relatório produzido pelo deputado alemão Andrej Hunko, do grupo da Esquerda Europeia Unificada e intitula-se sugestivamente de “Medidas de Austeridade – um perigo para a democracia e os direitos sociais”.
O argumento principal desenvolve-se em torno da ideia de que, pela maneira como estão a ser aplicadas, as terapias de austeridade estão a minar os direitos democráticos e sociais, em particular nas categorias mais frágeis e vulneráveis da população.
Abundante evidência empírica e um valioso painel de entrevistas fundamenta o relatório que subjaz à resolução.
Segundo o testemunho do sempre atento Mário Rui Martins, a resolução foi aprovada depois de alguns meses de discussão, tendo dado origem, depois de cinco discussões em comissão especializada, a um consenso político que tem algum significado, pois cerca de 60% dos deputados do PPE votaram a favor.
Um longo caminho se abre para que outros consensos, noutros espaços de poder, possam emergir, tendentes a mobilizar capacidade de arrecadação fiscal entre os mais ricos (rendimento e património), a alargar a base de incidência fiscal, a combater a fraude e evasão fiscal e, sobretudo, a dinamizar condições de criação de emprego mais qualificado e a intervir ativamente na transição entre os sistemas de educação e de emprego.
Politicamente é um começo.

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