terça-feira, 10 de julho de 2012

POBRES JOVENS PORTUGUESES!


Foram ontem publicados os resultados da primeira fase dos exames finais nacionais do Ensino Secundário. As respetivas médias totais revelam a dimensão de um verdadeiro escândalo que persiste ano após ano sem que a sociedade portuguesa e os seus principais responsáveis sobre ele se interroguem e debrucem seriamente.

Com efeito, e para apenas invocar os casos mais marcantes, as médias totais das disciplinas do Ensino Secundário da área de Ciências – precisamente aquela que o Ministério da Educação recomendou às Universidades como de aposta – foram todas negativas (9.3 a Biologia e Geologia, 8.7 valores a Matemática e 7.5 a Física e Química) e todas baixaram em relação ao ano anterior. Ao que acresce que a média total do exame final da outra disciplina nuclear do 12º Ano, a de Português, não ultrapassou 9.5 valores.

O ministro Nuno Crato lá veio com o costumeiro e inconsequente choradinho dos sucessivos agentes políticos: “os resultados não são satisfatórios, temos de fazer muito melhor”. A reação do presidente da Confederação das Associações de Pais, Albino Almeida, foi obviamente muito mais crítica e focalizada, designadamente ao declarar que os testes não são compatíveis com o grau de exigência com que os alunos são confrontados ao longo do ano e ao exigir que o ministro mande o GAVE calibrar os exames em função do nível de aprendizagem pretendido e trabalhar de perto com as escolas, concluindo: “não acredito que a média dos alunos e das escolas seja desta ordem de grandeza”. E alguém acredita?

Há, naturalmente, muitas e variadas questões equacionáveis em torno deste assunto: das opções disciplinares às escolhas programáticas, dos tipos de ensino eleitos às metodologias favorecidas, das estruturas dos testes aos seus critérios de correção, entre tantíssimas outras. Mas – que diabo! – o que mais será preciso para se aceitar que algo vai mal neste reino da Dinamarca e de tal retirar a consequente necessidade de ser encontrada uma solução diferente para o acesso ao ensino superior em Portugal?

Foi mais uma vez o reitor da Universidade do Porto, José Carlos Marques dos Santos, que veio colocar o dedo na ferida ao insistir no paradoxo que já tinha revelado há alguns meses: “um estudo que fizemos sobre o percurso dos estudantes na Universidade do Porto mostrou que a correlação entre a classificação de entrada e a classificação que obtêm na Universidade do Porto é quase nula".

Que desgraçado exemplo e testemunho está esta nossa geração a transmitir aos seus jovens!

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