Foram ontem
publicados os resultados da primeira fase dos exames finais nacionais do Ensino
Secundário. As respetivas médias totais revelam a dimensão de um verdadeiro escândalo
que persiste ano após ano sem que a sociedade portuguesa e os seus principais responsáveis
sobre ele se interroguem e debrucem seriamente.
Com efeito, e
para apenas invocar os casos mais marcantes, as médias totais das disciplinas do
Ensino Secundário da área de Ciências – precisamente aquela que o Ministério da
Educação recomendou às Universidades como de aposta – foram todas negativas (9.3
a Biologia e Geologia, 8.7 valores a Matemática e 7.5 a Física e Química) e todas
baixaram em relação ao ano anterior. Ao que acresce que a média total do exame
final da outra disciplina nuclear do 12º Ano, a de Português, não ultrapassou 9.5
valores.
O ministro Nuno Crato lá veio com
o costumeiro e inconsequente choradinho dos sucessivos agentes políticos: “os resultados não são satisfatórios, temos de fazer muito
melhor”. A reação do presidente
da Confederação das Associações de Pais, Albino Almeida, foi obviamente
muito mais crítica e focalizada, designadamente ao declarar que os testes não são compatíveis com o grau de exigência
com que os alunos são confrontados ao longo do ano e ao exigir que o ministro
mande o GAVE calibrar os exames em função do nível de aprendizagem pretendido e
trabalhar de perto com as escolas, concluindo: “não acredito que a média dos
alunos e das escolas seja desta ordem de grandeza”. E alguém acredita?
Há,
naturalmente, muitas e variadas questões equacionáveis em torno deste assunto: das opções disciplinares às escolhas programáticas, dos tipos de ensino eleitos às metodologias favorecidas, das estruturas dos testes aos seus critérios de correção, entre tantíssimas
outras. Mas – que diabo! – o que mais será preciso para se aceitar que algo vai
mal neste reino da Dinamarca e de tal retirar a consequente necessidade de ser
encontrada uma solução diferente para o acesso ao ensino superior em Portugal?
Foi mais uma
vez o reitor da Universidade do Porto, José Carlos Marques dos Santos, que veio
colocar o dedo na ferida ao insistir no paradoxo que já tinha revelado há
alguns meses: “um estudo que fizemos sobre o percurso dos estudantes na
Universidade do Porto mostrou que a correlação entre a classificação de entrada
e a classificação que obtêm na Universidade do Porto é quase nula".
Que desgraçado exemplo e testemunho está esta nossa geração a transmitir aos seus jovens!
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