quinta-feira, 5 de julho de 2012

ESTÁ EXPLICADO!


O governo em funções desde logo manifestou a sua animosidade para com a Iniciativa Novas Oportunidades e, implicitamente, para com os processos de certificação, escolar na primeira fase e profissional já mais recentemente.
Bondosamente, interpretei inicialmente essa animosidade como uma tentativa de estabelecimento de rigor nas condições de certificação que a referida iniciativa proporcionava, contrapondo esse rigor ao efeito de cobertura de massa pretendido e às naturais complicações que tendem a emergir quando começam a afluir a processos deste tipo as populações socialmente mais precárias.
Rapidamente percebi que de rigor estávamos conversados. A referida animosidade compreendia-se melhor por um alinhamento de circunstância e um pouco oportunista com um espírito de senso comum muito disseminado na sociedade portuguesa e na sua frágil opinião pública. Sem cultura de avaliação sistemática dos processos sobre os quais se dispara a suspeição, é prática comum tomar a distribuição pelos valores aberrantes e mais isolados. E a verdade é que não existe ainda uma avaliação rigorosa dos impactos da INO, já que a grande avaliação realizada pela equipa do Professor Roberto Carneiro se baseia essencialmente em indicadores de satisfação e perceção por parte dos beneficiários.
Mas nestes dias compreendi que há uma outra razão. A vertiginosa licenciatura do ministro Relvas baseada na prática na certificação de pretensas qualidades e conhecimentos determinada não só pela sua prática, mas também por frequências mais ou menos obscuras, representa uma modalidade avançada de Novas Oportunidades da qual certamente os portugueses ainda não tinham dado conta.
Assim, a atual maioria e particularmente o partido maioritário tem desconfiança quanto aos processos de certificação porque conhece profundamente o assunto por dentro e de experiência própria. E nada melhor do que conhecer os assuntos de perto, mesmo que isso tenda abusivamente a transformar as exceções em regras.
E não me admiraria que, se vingar a peregrina ideia de iniciar o ensino vocacional com uma escolha necessária aos 10 anos, seja imediatamente criada uma nova área vocacional, a da esperteza nas certificações de competências. E já agora criar também uma sub-área para a profissão de político sem tempo para percorrer o já mais rápido caminho de uma licenciatura. Uma boa campanha de comunicação com o ministro Relvas à cabeça teria um impacto seguramente decisivo.

Sem comentários:

Enviar um comentário