O tempo é de férias, embora
a instabilidade da temperatura não anuncie grandes voos para as quem as faz no
Norte. O drama dos tempos de hoje é que as férias não são para todos, cá dentro
ou lá fora, restando-nos a solidez do fenómeno turístico no qual a plataforma
Porto – Aeroporto de Sá Carneiro começa finalmente a ter expressão nacional.
O tempo anuncia férias também
no plano político e a população portuguesa bem delas precisa, não porque as
possa fazer generalizadamente, mas porque é a melhor maneira de se ver livre
por algum tempo, pelo menos, de tanta boçalidade, impreparação e arrivismo que
nos preenchem os écrans.
Mas este tempo de férias
marca também a tentativa do governo, agora recauchutado e globalmente mais
coerente, de construir uma narrativa diferente para a segunda parte do seu
mandato. O discurso parece alinhado e não há alma mais representativa ou
apagada deste governo que não fale num novo ciclo, no ciclo do crescimento e do
investimento. Mas a ilusão da narrativa subsiste. Como é que é possível com
dois anos de governação desta natureza, simular que se faz o reset de tudo, manter a consolidação
orçamental ao ritmo pretendido e querer mesmo assim falar de um novo ciclo de
crescimento e investimento?
É verdade que o segundo
trimestre da atividade económica parece querer dar um ar da sua graça, o que a
acontecer não terá a mínima relação com a atividade governativa, mas apenas com
a evolução normal do ciclo económico, acaso possa falar-se de uma evolução
normal do ciclo. O terceiro trimestre, caracterizado por forte sazonalidade turística,
pode oferecer algum ânimo de continuidade a esse eventual despertar da atividade
económica. Se assim é, a conveniência seria apoiar essa dinâmica latente,
controlando melhor os impactos recessivos da consolidação orçamental para que
esse despertar não seja trucidado.
António Pires de Lima, fator
de peso político acrescido no centro de racionalidade que o conselho de
ministros deveria constituir, não o sendo, já pôs água na fervura, frisando que
o crescimento só será possível com retoma do investimento e pelo menos estabilização
do consumo privado.
Será que o clima de
confiança para a retoma do investimento se obtém com a consolidação orçamental?
Alguém parece ter inventado uma nova teoria do investimento que os empresários
não conhecem e desdenham.
O tão laureado Miguel
Poiares Maduro ainda não conseguiu produzir uma ideia que fosse sobre o que vai
significar a nova programação 2014-2020 em termos de reanimação do tal
investimento. Fala-se que apenas no segundo semestre de 2014 haverá condições
para os primeiros cofinanciamentos. Trágico, não?
Entretanto, o ex-ministro Álvaro
pode finalmente fazer o seu horário regrado de trabalhar até às seis da tarde,
estando eu curioso se vai ser “espirra
canivetes” e nos brindará ou não com um novo livro incorporando a sua
desamparada experiência governativa, contando as tais histórias relevantes
sobre as rendas do Estado e sobre a sua captura. Regressará o Álvaro ao Canadá
para daí espirrar à vontade ou alguma alma especializada na captura das rendas
do Estado o presenteará com um Conselho de Administração para curar a constipação
e controlar os danos colaterais? Aceitam-se apostas!
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