sábado, 6 de julho de 2013

AVEIRO, EUROPA 2020



Ontem, tive um dia em cheio e bem passado, no encontro Europa 2020 organizado pela Universidade de Aveiro (Planeamento Regional e Urbano), pela Associação Portuguesa dos Planeadores do Território (APLA) e APDR. Oportunidade para reencontrar velhos amigos, privar em contexto de trabalho com o meu filho Hugo e sobretudo libertar-me pelo menos um dia das amarras da consultadoria e agir como se fosse um puro universitário, que poderia ter sido.
Um ambiente amigável e fértil de discussão, uma juventude de produção de conhecimento cada vez mais consistente, que conseguiu abstrair do desconchavo político em que nos mergulharam (tão desconchavado que dá para um agonizante Cavado emergir como o salvador da situação, cruzes credo).
Com os corpos a derreter pelo calor, as ideias permaneceram frescas e o ambiente foi universitário no bom sentido – diversidade de ideias, contrapontos, confronto, sentido crítico, avaliação de oportunidades de intervenção com base no conhecimento.
Na minha sessão – o Território e a Competitividade Nacional – Duarte Rodrigues do Observatório do QREN trouxe-nos a sua excelente capacidade de reflexão e problematização dos rumos da programação 2020, sobretudo com a sua experiência de alguém que tem acompanhado as negociações no âmbito da Comissão Europeia e também o Comité de Política Regional da OCDE. É, na minha perspetiva, entre a administração mais jovem um pensamento aberto e promissor que tem vindo a destacar-se e vale a pena discutir com ele. A Arquiteta Teresa Almeida trouxe o projeto de relançamento da cidade de Lisboa para a abordagem da estratégia Europa 2020,com grande concertação de atores e de interesses, marcando bem a diferença com a atomização do Porto e do seu território. Este vosso amigo procurou incomodar as consciências mais acomodadas, procurando demonstrar que nas, condições atuais, o tema da competitividade empresarial ganha prioridade face ao da competitividade territorial, evidenciando necessidade de focagem das políticas de competitividade territorial. O que não deixa de ser surpreendente para alguém que tem andado mais perto da competitividade territorial do que da empresarial. Mas as evidências assim o estimulam.
O dia terminou com uma excelente mesa redonda composta por Jorge carvalho ma moderação, João Ferrão, Eduardo Anselmo Castro e Artur Rosa Pires sobre as condições de governação da nova programação. João Ferrão suscitou criticamente os desafios de governação que se levantam a nível de NUTS II e NUTS III e denunciou a ausência de estratégia e de políticas nacionais capazes de assegurar uma menor dependência face às oportunidades de financiamento da Europa 2020, as únicas existentes e os desafios de integração entre máquinas administrativas que não têm prática nem cultura de cooperação: FEDER, FSE e FEADER. Eduardo Anselmo foi talvez o mais derrotista dos três, evidenciando resultados de clubes de convergência na EU que mostram que são as regiões mais ricas a evidenciar os mais elevados ritmos de crescimento e que face ao elefante da cegueira macroeconómica da EU a política regional é uma inofensiva formiguinha. Artur Rosa Pires destacou a vitalidade do nível local na invenção de soluções de superação face à crise, centrando-se no seu conhecimento das dinâmicas da região Centro, afirmando-se como o mais otimista da mesa, extensivo ao modo como vê na especialização inteligente uma oportunidade de apoio a dinâmicas de interação e cooperação na Região.
Um dia bem passado.
No fim a ausência do Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Catsro Almeida, um homem da Região, foi notada. A relação entre o poder e o conhecimento continua a ser problemática.

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