domingo, 14 de julho de 2013

CERVEJA, INDIFERENÇA E PREOCUPAÇÃO



Em Seixas, por alguns dias, encontro uma Caminha fervilhante, combinando o festival internacional de cervejas artesanais com a chegada dos migrantes de férias. A massa de portugueses parece indiferente aos rumos de incerteza do país e ao desenlace do “baralhar e tornar a dar” de Cavaco e os galegos, em massa, parecem também indiferentes à fragilidade do governo de Madrid e sobretudo à estocada que pode advir do testemunho de Barcenas, ex-tesoureiro do PP, logo observador e gestor em primeira linha de toda a vasta trama dos financiamentos partidários, já aqui tratados em posts anteriores. O copo de cerveja é a coisa mais real que se respira de todo este ambiente.
Tenho a perceção de que entre todo este ambiente urbano fervilhante devo ser o único com algum sentido de preocupação face às incertezas que nos rodeiam.
O compromisso de salvação nacional parece enrodilhado nas suas próprias contradições, não sendo de ignorar que se tratou dos acontecimentos da vida política democrática dos últimos tempos com mais repercussão em termos de diversidade de comentários e opinião. Não está nada claro se a negociação pode abrir ao PS a possibilidade de um recentramento mais equilibrado do memorando de entendimento, ajustando-o em função dos seus próprios falhanços. E, sem essa possibilidade, a combinação “assinar o compromisso e ganhar apenas com isso a antecipação de eleições para 2014” parece curto para justificar o dar a mão a uma maioria moribunda.
Hoje, no Diário de Notícias, Manuel Alegre toma a palavra do seu palanque antifascista, mas tal como a esmagadora maioria da esquerda que continua presa exclusivamente à capitalização do voto de protesto, não tem nada para oferecer aos portugueses, carenciados de uma solução. Por mais que custe a compreender a esta geração, o antifascismo não garante resposta à altura e magnitude dos desafios. Não chega.

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