Em Seixas, por alguns dias,
encontro uma Caminha fervilhante, combinando o festival internacional de
cervejas artesanais com a chegada dos migrantes de férias. A massa de
portugueses parece indiferente aos rumos de incerteza do país e ao desenlace do
“baralhar e tornar a dar” de Cavaco e os galegos, em massa, parecem também
indiferentes à fragilidade do governo de Madrid e sobretudo à estocada que pode
advir do testemunho de Barcenas, ex-tesoureiro do PP, logo observador e gestor
em primeira linha de toda a vasta trama dos financiamentos partidários, já aqui
tratados em posts anteriores. O copo
de cerveja é a coisa mais real que se respira de todo este ambiente.
Tenho a perceção de que
entre todo este ambiente urbano fervilhante devo ser o único com algum sentido
de preocupação face às incertezas que nos rodeiam.
O compromisso de salvação
nacional parece enrodilhado nas suas próprias contradições, não sendo de
ignorar que se tratou dos acontecimentos da vida política democrática dos últimos
tempos com mais repercussão em termos de diversidade de comentários e opinião. Não
está nada claro se a negociação pode abrir ao PS a possibilidade de um
recentramento mais equilibrado do memorando de entendimento, ajustando-o em
função dos seus próprios falhanços. E, sem essa possibilidade, a combinação “assinar
o compromisso e ganhar apenas com isso a antecipação de eleições para 2014”
parece curto para justificar o dar a mão a uma maioria moribunda.
Hoje, no Diário de Notícias,
Manuel Alegre toma a palavra do seu palanque antifascista, mas tal como a
esmagadora maioria da esquerda que continua presa exclusivamente à capitalização
do voto de protesto, não tem nada para oferecer aos portugueses, carenciados de
uma solução. Por mais que custe a compreender a esta geração, o antifascismo não
garante resposta à altura e magnitude dos desafios. Não chega.
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