quarta-feira, 24 de julho de 2013

CURTAS EM TORNO DA REMODELAÇÃO



O título de Pedro Santos Guerreiro no Jornal de Negócios, “O CDS não tomou posse, tomou conta”, é um bom mote para caracterizar a remodelação que a maioria depositou nas mãos vazias de um presidente cada vez mais dependente e prisioneiro da resistência deste governo recauchutado.
De facto, a impressão global que fica de toda esta encenação, interrompida duas semanas por uma branca de Cavaco diretor de cena, é que o PSD joga neste argumento tático: dê esta fórmula governativa para o torto ou resista até 2015, o PSD parece querer cuidar dos estragos eleitorais dos dois primeiros anos de governação e entrega as principais “batatas quentes” da governação ao seu parceiro de coligação, comprometendo-o até ao pescoço. A saída do governo do estratega nascido das tricas de Valongo, Marco António Costa, aponta para essa ideia central, embora o PSD vá insistir que mostrou sentido de estado com o “não me demito” de Passos Coelho.
Neste contexto, interpretando as reações da esquerda à nova composição do governo, sobretudo as suscitadas pelo nome Rui Machete e pela sua ligação à herança PSD – BPN, a oposição conta com a desagregação do Executivo antes da conclusão do ciclo eleitoral. Friamente, ainda que descontando a fragilidade que a ligação Machete – caso BPN provoca ao arranque do novo Executivo, a estrutura do atual governo é mais sólida do que a anterior, não apenas pela entrada de Pires de Lima e Jorge Moreira da Silva, mas sobretudo pela correção da orgânica inicial. Apostar na desagregação precoce desta nova fórmula governativa, levantando o pé de uma crítica permanente e consistente da sua governação, pode custar caro. Oxalá não me engane. Oxalá.

Sem comentários:

Enviar um comentário