O título de Pedro Santos
Guerreiro no Jornal de Negócios, “O CDS não tomou posse, tomou conta”, é um bom
mote para caracterizar a remodelação que a maioria depositou nas mãos vazias de
um presidente cada vez mais dependente e prisioneiro da resistência deste
governo recauchutado.
De facto, a impressão global
que fica de toda esta encenação, interrompida duas semanas por uma branca de
Cavaco diretor de cena, é que o PSD joga neste argumento tático: dê esta fórmula
governativa para o torto ou resista até 2015, o PSD parece querer cuidar dos
estragos eleitorais dos dois primeiros anos de governação e entrega as
principais “batatas quentes” da governação ao seu parceiro de coligação,
comprometendo-o até ao pescoço. A saída do governo do estratega nascido das
tricas de Valongo, Marco António Costa, aponta para essa ideia central, embora
o PSD vá insistir que mostrou sentido de estado com o “não me demito” de Passos
Coelho.
Neste contexto,
interpretando as reações da esquerda à nova composição do governo, sobretudo as
suscitadas pelo nome Rui Machete e pela sua ligação à herança PSD – BPN, a
oposição conta com a desagregação do Executivo antes da conclusão do ciclo
eleitoral. Friamente, ainda que descontando a fragilidade que a ligação Machete
– caso BPN provoca ao arranque do novo Executivo, a estrutura do atual governo é
mais sólida do que a anterior, não apenas pela entrada de Pires de Lima e Jorge
Moreira da Silva, mas sobretudo pela correção da orgânica inicial. Apostar na
desagregação precoce desta nova fórmula governativa, levantando o pé de uma crítica
permanente e consistente da sua governação, pode custar caro. Oxalá não me
engane. Oxalá.
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