O mote vem de Alexandre
Azevedo Pinto num post no Facebook: “Confirma-se,
Portas é primeiro-ministro”, creio que inspirado na crónica de João Lemos Esteves no Expresso on line. É um bom mote.
Ainda sem o pronunciamento
do homem de Boliqueime e a fazer fé nos relatos da imprensa deste fim-de-semana,
as piruetas de Portas traduzem-se afinal numa nova estrutura de governo, com na
prática o CDS a tutelar a área da Economia e o que é mais surpreendente a
tutelar as negociações com a Troika, a começar pela oitava avaliação. Como
corolário, acaba por coordenar a ação da própria ministra das Finanças?
Será que ouvi e li bem?
A minha perceção é que
estamos num jogo tático de sombras, com o PSD a abrir caminho a que o CDS se
envolva decisivamente no processo de negociação, coartando-lhe por essa via
qualquer veleidade de aligeiramento de responsabilidades, assumindo um outro
plano de cena, mais recuado, mesmo que admitamos que Jorge Moreira da Silva vai
para o governo.
Mas há uma dúvida que
emerge, sorrateira. Mas afinal que coordenação fará Passos Coelho? Prepara
eleições? Passeia-se?
Pires de Lima vai ao que
parece finalmente para o governo, os interesses de captura do Estado vão entrar
em reposicionamento.
Foco da atenção nos próximos
tempos: que estratégia de renegociação com a Troika vai emergir deste
compromisso? Imagino a perplexidade dos membros da equipa de negociação da
CE-BCE-FMI. Depois da surpresa de assistirem a tanta solicitude de início, um
daqueles pretensamente bons alunos irritantes que se enfiam pelos olhos dos
professores e a todo que dizem que sim, terão agora pela frente a tentativa de
reorientação de caminho. Que credibilidade atribuirão a esta mudança? Irá
Portas meter o rabinho entre pernas e aparecer diante dos portugueses com um
inconclusivo “tentei mas não consegui”?
A degradação de toda a
dignidade da governação emerge suspensa. Pagaremos caro essa degradação.
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