Diz-se que não há coincidências, mas foi precisamente no dia em que a Procuradoria-Geral da República decidiu arquivar o inquérito aberto contra Miguel Sousa Tavares por ter chamado “palhaço” a Cavaco – considerando que essas declarações se enquadram no direito à liberdade de expressão – que o Presidente da República se prestou a mais um ato de natureza eminentemente circense (foto acima de Vítor Rios, Global Imagens).
Não sem a agravante de, pouco mais de uma hora antes, ainda ter querido evidenciar o seu total desligamento em relação aos acontecimentos, no caso a demissão que se avizinhava de Paulo Portas. Dizia, garboso e quase autoritariamente visando Seguro: “A Assembleia da República é que pode determinar se há ou não há crises políticas. Uma força política que queira afastar o Governo o que tem que fazer, nos termos da Constituição, é apresentar uma moção de censura e conseguir convencer a maioria dos deputados em efetividade de funções a votar favoravelmente. Portanto, é cada força política que tem que fazer o seu próprio trabalho e não esperar que sejam outros a fazer aquilo que a elas compete.”
Aqui chegados, resta-nos formular o voto – tão sincero quanto possam acreditar que o mesmo possa ser – de que a nossa honorífica figura presidencial não se deixe cair na tentação de honrar a sua recente vocação campesina, transitando de um espalhafatoso comportamento de arlequim para um porte contido de espantalho. Decerto que o País, ou o que resta dele, comovidamente agradeceria…
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