O declínio da taxa de
fertilidade total (número médio de crianças vivas nascidas por mulher em idade
fértil, dos 15 aos 49 anos de idade, admitindo que as mulheres estariam
submetidas às taxas de fecundidade observadas no momento) que se tem verificado
nas economias ocidentais tem sido apontado como um dos mais sérios
constrangimentos estruturais enfrentados por estas economias.
Nos últimos tempos, tem-se
discutido se a tendência para as mulheres terem filhos cada vez mais tarde é
devidamente tida em conta no cálculo da taxa de fertilidade total (também
designado de índice sintético de fecundidade). Com estas reservas em mente,
estudos recentes têm mostrado que pelo menos nos países de língua inglesa a
queda dessa taxa de fertilidade parece ter finalmente terminado, mesmo que essa
estabilização se tenha concretizado em alguns países em valores abaixo do que é
considerado necessário para assegurar a reprodução simples da população (2,1
filhos por mulher).
O EUROSTAT publicou em março de 2013 um suplemento especial do relatório trimestral “EU Employment and Social Situation” dedicado às tendências demográficas
que compara a evolução daquele indicador desde 1960. Ora, nesta evolução de
longo prazo, o que ressalta da informação publicada é que os países sob resgate
ou ajuda financeira apresentam desde 2008 uma evolução que parece ter
interrompido ou mesmo invertido as melhorias que se vinham observando. Este fenómeno
acontece ao mesmo tempo que a população em idade ativa está a crescer a ritmos
também menos elevados.
Isto significa que, para além
dos fatores conhecidos que tendem a fazer baixar a taxa de fertilidade, tais
como a urbanização e a crescente participação da mulher no mercado de trabalho,
a crise e a austeridade parecem ter interrompido as boas novas que se
anunciavam nesta frente. O problema é que em países como Portugal, Espanha e Itália
os valores da taxa estão significativamente abaixo do limiar de reprodução. Também
por esta banda a questão do crescimento económico tem muito que penar. Mais um
fator a ter em conta na avaliação dos custos que a relação “crise e austeridade”
nos vai custar no tempo longo.
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