quarta-feira, 24 de julho de 2013

E DEPOIS DO ADEUS


As remodelações são como os melões, só depois de abertos. Contudo, e no caso desta, Machete parece-me um prato muito requentado e o pequeno Moreira da Silva uma promessa que finalmente vai poder mostrar o que (não) vale. Já Pires de Lima, sendo alguém com mundo e experiência, tem tudo para “acrescentar valor”; ainda assim, e ele que me perdoe, aqui tenho de confessar quanta falta vou sentir do sacrificado Álvaro.

Básico e ingénuo, quase rústico, Álvaro animava como ninguém os nossos serões. Ainda há dias enunciara nos seguintes termos uma espécie de testamento político, a narrativa que um dia irá relatar aos netos: “Portugal implementou nos últimos dois anos o programa de reformas mais ambicioso na Europa desde a era Thatcher”.

Dito isto, também é verdade que Álvaro tinha o senso comum próprio dos bem-intencionados e estava imbuído do “crime da independência”, como escrevia esta tarde no Facebook um seu assessor. Ao que juntava: “Desta vez não é o PR nem o PM que anunciam uma remodelação em primeira mão. São os interesses e as negociatas.” A esta hora, Álvaro recordará certamente a letra daquela velha canção do Paulo de Carvalho: “Quis saber quem sou / O que faço aqui / Quem me abandonou / De quem me esqueci…”

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