Nos últimos dias, o mar de
Moledo tem permanecido com uma calma estranha, como se fosse um lago apenas agitado por
uma quase impercetível ondulação. Não há melhor contraste com a agitação
incessante da política espanhola, revolta, intensa, que me chega pela leitura
dos jornais espanhóis, sobretudo do El
Mundo.
O jornal acabou de publicar
na sua série Documentos o material da Pendrive de Barcenas esta semana entregue
em tribunal, designado de 20 anos de Contabilidade B do PP. Material fulminante
que guardarei religiosamente.
Um cartoon de Ricardo faz
furor na terceira página do jornal de hoje: Lê-se num título/exclamação de alguém
– Sé fuerte
Mariano! Na imagem, vê-se um ciclista esgotado, suando as
estopinhas, subindo uma montanha de folhas de contabilidade B, ciclista a quem
a exclamação se dirige, e que é a imagem de um Rajoy, acossado e no silêncio
mais covarde que é possível imaginar.
O referido Caderno
Documentos fecha com um artigo de Pedro García Cuartango, intitulado “El Neolenguaje
del PP”.
A tal neolinguagem foi, nada
mais nada menos, do que o tema de um dos meus posts anteriores: “Pero lo mas repudiable de la actitud del presidente há sido
su identificación com el Estado y la estabilidade de las instituciones para
blindarse de essa exigencia de responsabilidades políticas que es de puro
sentido comum.”
E aqui o assunto tem profundas
similaridades com o que se passa em Portugal e nas economias do sul em geral. Elevar
o valor da estabilidade a valor absoluto, superando e sobrepondo-se aos valores
da democracia, da imputação de responsabilidades, é perverso e conduz-nos por
atalhos perigosos.
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