quarta-feira, 17 de julho de 2013

MAR CHÃO, POLÍTICA REVOLTA



Nos últimos dias, o mar de Moledo tem permanecido com uma calma estranha, como se fosse um lago apenas agitado por uma quase impercetível ondulação. Não há melhor contraste com a agitação incessante da política espanhola, revolta, intensa, que me chega pela leitura dos jornais espanhóis, sobretudo do El Mundo.
O jornal acabou de publicar na sua série Documentos o material da Pendrive de Barcenas esta semana entregue em tribunal, designado de 20 anos de Contabilidade B do PP. Material fulminante que guardarei religiosamente.
Um cartoon de Ricardo faz furor na terceira página do jornal de hoje: Lê-se num título/exclamação de alguém – Sé fuerte Mariano! Na imagem, vê-se um ciclista esgotado, suando as estopinhas, subindo uma montanha de folhas de contabilidade B, ciclista a quem a exclamação se dirige, e que é a imagem de um Rajoy, acossado e no silêncio mais covarde que é possível imaginar.
O referido Caderno Documentos fecha com um artigo de Pedro García Cuartango, intitulado “El Neolenguaje del PP”.
A tal neolinguagem foi, nada mais nada menos, do que o tema de um dos meus posts anteriores: “Pero lo mas repudiable de la actitud del presidente há sido su identificación com el Estado y la estabilidade de las instituciones para blindarse de essa exigencia de responsabilidades políticas que es de puro sentido comum.”
E aqui o assunto tem profundas similaridades com o que se passa em Portugal e nas economias do sul em geral. Elevar o valor da estabilidade a valor absoluto, superando e sobrepondo-se aos valores da democracia, da imputação de responsabilidades, é perverso e conduz-nos por atalhos perigosos.

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