sexta-feira, 5 de julho de 2013

PAULINHO E O LOBO


Após uma semana de ausência, António Lobo Xavier (ALX) voltou em boa forma à “Quadratura do Círculo”. Abrindo o programa com uma manifestação de grande sarcasmo – ao referir que a declaração do primeiro-ministro foi a declaração mais firme que encontrou sobre a posição do CDS –, ALX adotou depois um posicionamento crítico e implacável que raras vezes se lhe tinha visto em relação aos seus – como quando sublinhou que este momento foi aquele em que se deixou de interessar sobre os acontecimentos internos ao CDS nos últimos quarenta anos da sua existência, porque “só um partido que não está preparado para nenhuma mudança é que manda o ministro que se demitiu negociar com o primeiro-ministro de quem ele escreveu aquela carta”; ou como quando explicitou que “o Partido precisava, para existir, para ser autónomo, de ter uma declaração própria dos seus órgãos e de ter declarações avulsas, variadas, dos seus dirigentes a dizer qual é o seu compromisso”; ou como quando lamentou o “silêncio vago” do CDS e a associação desse alegado partido das empresas, da iniciativa privada e da economia a um período de instabilidade, incerteza e desconfiança dos mercados.

Também Paulo Portas foi especialmente visado – de uma difícil compreensão do seu gesto de demissão a uma acusação de “excessos epistolares” que chegam a provocar saudades das intervenções de Miguel Relvas (!) ou a uma participação consciente num inimaginável vexame ao Presidente da República. Mas ALX acrescentou ainda outras afirmações fortes – “o que foi destruído, entretanto, foi a confiança das pessoas em tudo isto” e “fico muito desconfiado das coisas que não têm lógica”, p.e. – ou de inesperado teor quanto à evolução da sua própria posição pessoal – ao confessar que se achava até aqui que, apesar dos aspetos negativos do funcionamento do Governo, isto era melhor do que eleições, “depois disto, eu estou com muitas dificuldades para imaginar uma solução credível que não seja uma solução eleitoral”.

Sintomaticamente surpreendente ou surpreendentemente sintomático?

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