quinta-feira, 18 de julho de 2013

O PS EM APUROS


Cada dia, cada hora, cada minuto passados em cima do início dessa negociação tripartidária que vai transitando num “à vez cada um” do Rato para o Caldas e deste para a São Caetano à Lapa, mais me convenço do absurdo da situação política em que estamos metidos. E, sobretudo, do enormíssimo logro em que Seguro caiu ao ter-se deixado aprisionar num processo impossível de produzir de qualquer resultado que lhe seja, e ao País, conveniente.

Poder-se-á dizer que, confrontado com o desafio de Cavaco, a resposta de Seguro tinha de ser positiva. Posso até concordar, só que com uma ressalva não desprezível: a de que o PS só podia ter participado afirmando a inegociabilidade da sua grande posição de princípio na atual conjuntura económica e social do País – a inaceitabilidade do corte de 4700 milhões de euros – e explicitando uma leitura da desejabilidade de um acordo a três centrada na necessidade de uma mudança de políticas e de um acrescido peso nacional para o lograr perante o exterior.

A sucessão de reuniões, a muito discutível qualidade funcional dos negociadores nomeados, o seu ridículo secretismo, o avolumar incontornável de comentários e expectativas e o wait and see dos mercados e dos credores acabaram por colocar o PS numa encruzilhada de que já não tem escapatória feliz: será considerado culpado não houver acordo e sairá derrotado e dividido se ele existir.

E assim se compõe o ramalhete de uma tragédia anunciada em que à complicação reinante a nível europeu e das instituições tutelares, às insuficiências de Cavaco, à infantil mediocridade de Passos e ao “vale tudo” de Portas tenderá a juntar-se agora o culminar de uma crise de representação de contornos imprevisíveis…

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