terça-feira, 16 de junho de 2015

A TAP A DESTAPAR


José Roquete tinha feito o aviso dias atrás, numa entrevista ao “Jornal i”, mas a misturada de afirmações em que nela foi pródigo – como aquela da “senhora gordinha de Berlim” – não permitiu que se lhe desse a devida atenção e o merecido crédito. O que teria tido cabal justificação em relação a um homem que tem larga experiência empresarial e financeira e que sabe normalmente do que fala quando fala de empresas. Dizia ele que, no quadro de uma privatização cujo “espetáculo” o estava a confranger (e é disso que aqui estamos a tratar, muito mais do caráter confrangedor do espetáculo do que da privatização propriamente dita), “os dois candidatos [à TAP] são fugas para a frente para salvar as suas próprias empresas”. Ora, e nem de propósito, os pormenores sobre a dita vão finalmente surgindo às pinguinhas, tendo-se acabado de saber, nomeadamente, que o Estado brasileiro poderá assumir uma posição acionista através do BNDES, que uma parte dos 354 milhões só há de entrar até final de 2016, que o governo português ainda vai ser envolvido na negociação da dívida de curto prazo, que os aviões a comprar hão de ir chegando até 2025 e que o consórcio vencedor tem pressa em vender parte da frota da TAP para encaixar 100 milhões de euros e com eles financiar a montagem do negócio que incluir um processo de leaseback da dita frota (abaixo a manchete do JN de ontem). E é tudo, por enquanto. Ou melhor, talvez fosse de pedir também ao PS que respeitasse a importância estratégica que tem declarado atribuir ao tema, entregando a defesa das suas posições sobre o assunto a alguém capaz de as sustentar em público e de lhes conferir a capacidade de convencimento associável a quem dê a perceber que tem uma noção minimamente razoável do sentido daquilo que está encarregado de defender...

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