(Arquitetura Arte Nova, Riga)
(Perceções
versus números da desigualdade na distribuição do rendimento)
O peso da história é demasiadas vezes por nós esquecido. No meu périplo báltico,
em transição da Estónia para a Letónia (Latvia), a entrada por estrada europeia
prometia pouco, talvez fruto do choque de sair de uma Estónia calma e descontraída,
com uma bela estrada (Fundos Estruturais) em perfeita harmonia com a natureza e
entrar numa Letónia com estrada europeia em obras e um campo claramente menos
cuidado do que o estoniano.
Mas Riga compensou toda esta falsa indicação. É uma cidade vibrante, com
uma escala incomparável no coração do Báltico e algumas joias das quais se
destaca o vastíssimo (a escala interessa) quarteirão de arquitetura ARTE NOVA
(ver imagem inicial), no qual se alojam algumas embaixadas e a Stockholm School of Economics, uma
curiosidade. E aqui o peso da história é muito forte com nenhuma outra cidade báltica
a apresentar um passado tão fervilhante como o de Riga e isso é uma impressão permanente
de grandiosidade, escala e de requinte em muitos dos seus quarteirões. O que
também é visível na célebre estância de praia de JURMALA, uma zona de 32 kilómetros
de excelência de areia fina e mar calmo, estranhamente calmo.
Rapidamente nos apercebemos que o parque automóvel que circula pela cidade é
de alto padrão o que contrastava claramente com o observado em Tallin e na Estónia.
Procurei alguma explicação para o facto e ele está no facto da Letónia ser o país
da União Europeia a 28 com maior índice de desigualdade de distribuição do
rendimento, com um coeficiente de GINI acima dos 0,35 o que para o contexto EU e
OCDE é um valor muito elevado.
Neste caso, as perceções e vivências urbanas alinham com os números, que não
enganam. Curiosamente, ou talvez não, Portugal não está longe.
A percentagem de rendimento equivalente apropriado pelos 20% mais ricos da Letónia destaca-se no gráfico (LV) em contraste com a percentagem apropriada pelos 20% mais pobres.
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