(Reflexões para
uma geografia da crise)
A minha amizade de longa data com o Manuel Fernandes de Sá e mais recente
proximidade ao Álvaro Domingues levaram-me a responder afirmativamente ao
convite de jovens doutorandos do grupo da Morfologia e Dinâmicas do Território
para uma das suas tertúlias, neste caso, sobre Territórios da Crise, que hoje
terá lugar no bar da Arquitetura, às 18 horas.
Este grupo da FAUP, ainda com a presença tutelar de Nuno Portas a enquadrar
as reflexões, mas com sangue novo, mais propenso a inovações analíticas que a FAUP
bem precisa, pois tem ficado aquém do que lhe seria exigido em termos de
investigação sobre o território, tem produzido muita reflexão sobre este vasto
território do Noroeste Peninsular. Começa a ser imperioso sistematizar essa reflexão
e retirar daí as devidas implicações em termos do tipo de políticas públicas.
Pela minha parte, vou tentar enquadrar o debate das geografias da crise e
das suas implicações territoriais essencialmente com uma leitura
territorializada das transformações experimentadas pelas manifestações do
modelo social europeu em Portugal (o chamado Estado Social) na sequência das
duas crises: a financeira internacional de 2007-2008 e a das dívidas soberanas
que conduziram ao resgate da economia portuguesa (Memorando da Troika), que
explorei com a colega Pilar Gonzalez no estudo para a OIT que acaba de ser
publicado em obra coletiva pela Edward Elgar, coordenada por Daniel
Vaughan-Whitehead.
Partindo da caracterização do Estado Social em Portugal como um edifício
institucional que é recente, contexto-dependente,
desequilibrado, abrangente
e vulnerável, discutirei cenários de
emagrecimento, reorganização/reorientação e possível desmantelamento selvagem e
procurarei avaliar que consequências territoriais são antecipáveis.
Uma boa tertúlia, espero, sempre com a recordação de que as minhas
conversas no passado com representantes da FAUP, Lixa Filgueiras, Manuel
Fernandes de Sá, Álvaro Domingues, Nuno Portas sempre incidiram em questões que
estão para além da arquitetura, o social, as dinâmicas territoriais, o
planeamento.
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