quarta-feira, 10 de junho de 2015

IRRITATING WRONGHEADEDNESS


Às vezes quase me convenço de que possa exagerar em certas opiniões, mais ou menos contra a corrente, que vou defendendo. Vale-me frequentemente, nessas alturas de hesitação e dúvida, a palavra salvadora de alguns analistas de reconhecido bom senso e não suscetíveis de serem confundidos com tomadas de posição dogmaticamente preconcebidas a qualquer título. Foi hoje o caso do nosso já velho conhecido Wolfgang Münchau.

Explico-me. Estava eu a conter-me para não voltar mais uma vez a revelar a minha revolta em relação ao modo canhestro (ou, talvez mais rigorosamente, lambe-botas) como ciclicamente os socialistas e social-democratas europeus vêm tratando publicamente a questão grega – desta feita por via de duas novas e quase simultâneas declarações do líder do SPD alemão e vice-chanceler Sigmar Gabriel, por um lado, e do alto responsável do SPD alemão e presidente do Parlamento Europeu Martin Schulz, por outro (sempre logo encontrando eco num dirigente socialista francês, Michel Sapin desta vez) – quando me apercebo de que a coluna de Münchau no “Spiegel Online” era precisamente centrada numa crítica dessa mesma matéria, embora de alcance mais comedido.

Eis o seu ponto, recorrendo à síntese dele efetuada por parte do “Eurointelligence” para sublinhar o entendimento, no estrito plano do pragmatismo político, de que “o SPD, ao alinhar com a CDU nesta matéria [questão grega], está a perder uma oportunidade”, assim: “Münchau estabelece o ponto de que por enquanto os alemães apenas se mantêm genericamente favoráveis à estratégia de Angela Merkel porque ainda não lhes foi apresentada qualquer conta a pagar. Esse dia chegará com uma probabilidade de 100%. Nessa altura, a estratégia voltará a ficar sob generalizado escrutínio. O SPD deveria portanto agarrar a possibilidade de por em pratos limpos a diferença entre a sua posição e a de Merkel. Mas ao não se distanciarem agora da posição de Merkel, tal não lhes irá ser possível.”

Não se ponham a pau, não...

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