(Palavras de
quem conhece bem o sistema financeiro internacional)
Limito-me a citar os dois primeiros parágrafos da última crónica de Mϋnchau no Financial Times:
“A
mais importante notícia deste fim de semana não é o governo Grego ter convocado
um referendo. É que o governo Grego não aceitou a proposta de resgate dos seus
credores. O segundo programa Grego expirará assim à meia noite da próxima terça-feira.
A Grécia ficará sem qualquer programa e sem acesso aos mercados a partir de
quarta-feira.
Como já
anteriormente defendi, essa era a única decisão racional que o governo Grego
poderia tomar. O programa proposto pelos credores teria prolongado a recessão
grega por vários anos. Grexit, a saída Grega da zona euro terá consequências
económicas mais negativas a curto prazo. Mas pelo menos concede alguma margem
de manobra à Grécia. O programa dos credores era uma versão económica do
inferno de Dante. Teria provocado a destruição económica total da Grécia. “
Certamente que poderemos como o faz Teresa de Sousa esgrimir argumentos
contra a estratégia negocial de Tsipras e da sua retaguarda no SYRIZA, que terá
apostado numa cedência de última hora por parte das autoridades internacionais.
Stavros Theodorakis líder do To Potami foi particularmente duro para com a
negociação grega: “Vocês não negociaram. Não apresentaram
propostas. Comportaram-se como se fossem uma excursão de estudantes a Bruxelas”.
Mas o parlamento acaba de aprovar o referendo. Dou tudo isso de barato. Mas com
essa perspetiva crítica da preparação de Tsipras e do SYRIZA para a negociação
não podemos branquear a sinistra proposta dos credores que vai no sentido de
uma vez mais usar a destruição do produto como base enganadora de cumprimento das
responsabilidades de dívida. É isso que está verdadeiramente em causa.
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