Já anda por aí o “Financial Stability Review” do Banco Central Europeu. Que desta vez não traz novidades muito impactantes em termos de avaliação de riscos para a estabilidade financeira da Zona Euro no próximo ano e meio, quer porque não apresenta qualquer alerta vermelho quer porque não deteta mudanças significativas relativamente à última publicação congénere.
Há, todavia, uma exceção a esta regra, na medida em que à invariabilidade dos riscos sistémicos de nível médio (reversão abrupta dos prémios de risco globais amplificados por baixa liquidez nos mercados secundários e baixas perspetivas de rentabilidade para bancos e seguradoras num quadro de baixo crescimento nominal e continuada insolubilidade dos problemas associados a ativos maus, ambos a laranja no esquema acima) e de um risco sistémico potencial (aumento da insustentabilidade da dívida soberana e corporativa) se junta um aumento dos riscos de stress e contágio provenientes de um shadow banking (fundos de investimento e hedge funds) em forte crescimento desde o advento da crise (mais de 70% entre 2009 e 2014, atingindo um volume de ativos dimensionado em 9,4 biliões de euros). O gráfico abaixo elucida o facto (veja-se, designadamente, e evolução comparada dos ativos bancários, a verde, e dos hedge funds, a azul) e o relatório explicita que o que estará essencialmente em causa serão as implicações para o setor financeiro alargado e para a economia real decorrentes do importante incremento do peso destas entidades na intermediação do crédito e nos mercados de capitais, situação ainda agravada pela opacidade que continua a dominar a sua gestão e atividade. Ou seja, e por palavras simples: a finança já partiu claramente para outra, já estrutura novas fontes de acumulação e já vai abrindo caminho ao que serão as causas de instabilidade a emergir no próximo futuro – prodigiosa e incorrigível!
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