Após uma breve passagem pelas Ilhas Britânicas, já estou por Bruxelas e assisto neste momento a uma sessão da Comissão Especial do Parlamento Europeu sobre Decisões Fiscais e Outras Medidas de Natureza Similar ou Efeito. Presidida por Alain Lamassoure e contando com a animação principal dos dois rapporteurs nomeados, Elisa Ferreira (S&D, Portugal) e Michael Theurer (ALDE, Alemanha), uma sessão interessante pela sua diversidade de incursões/abordagens em torno de práticas internacionais, entre a presença senatorial de Mario Monti e as audições de uma organização não-governamental largamente interventiva na matéria (“European Network on Debt and Development”) e de um whistleblower sobre atividades da PwC. Ocasião para pensar comigo próprio quão selvático, perverso, mentiroso, cínico e incorrigível é o sistema em que vivemos e isso em doses tanto mais reforçadas quanto mais conseguimos aceder a algum conhecimento, mesmo que marginal, sobre o seu funcionamento concreto. Com as maiores e mais conhecidas firmas multinacionais no epicentro de um furacão que atravessa países como Luxemburgo e Suíça, Grã-Bretanha e Irlanda, Holanda e Bélgica. E que também assenta na facilitação/conivência/cumplicidade da maioria das autoridades europeias através dos tempos. Mais um elemento de uma Europa inconstruível à luz de uma tão extremada ordem capitalista e nacionalista que cada vez mais me vai sobretudo servindo para contrariar aquela velha máxima de Willy Brandt sobre o caráter natural de opções políticas pessoais evoluindo do esquerdismo para a social-democracia...
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