terça-feira, 2 de junho de 2015

MIND THE GAP



Como referi no post anterior, Londres ficou para trás. Uns dias bons a variados títulos, incluindo as companhias, embora inabitualmente aculturais porque mais dedicados ao passeio ao ar livre e ao entretenimento e às necessariamente dominantes questões de agenda pessoal associadas à sequência a dar à finalização do degree da minha filha mais nova, a tal Constança.

Dos jornais, uma permanente e irresistível consulta como já aqui confessei, as notícias mais salientes destes dias ou iam passando pelas maldades de Blatter – o sujeito tem realmente uma lata incomensurável! – ou pelas “linhas vermelhas” traçadas por Cameron em relação à Europa. Não obstante, a mais extraordinária vinha no “independent” e falava de um prisioneiro perigoso que escapou do seu cativeiro – uma prisão privada, vejam lá! – disfarçado no meio de um grupo de visitantes.

Destaques obrigatórios para as passagens por Camden Town e respetivo mercado, pelo Portobello Market no famoso bairro de Notting Hill (porque me lembro sempre do Hugh Grant e daquele seu filme com a Julia Roberts que nem era grande coisa?) e pelos arrabaldes sul-orientalistas de Lewisham e New Cross. Sem esquecer aquela deambulação de sábado à tarde, calcorreando em volta das ruas centrais mais cosmopolitas como a Oxford, a Regent e a topíssima Bond, com paragens ocasionais e entradas periódicas nas grandes livrarias da zona.

Relevo ainda, e sobretudo, para as psicologicamente inimitáveis ribs da Aberdeen Steak House – passe a publicidade, e sem menosprezo para com as outras e muitas casas do proprietário grupo Angus, nenhumas são melhores do que aquelas em Piccadilly, ali na esquina da Coventry com a Haymarket – e para o melhor musical dos últimos tempos – também, mas não só, pela qualidade dos toques sadiamente revivalistas que traz, dos sixties ao mito british de então, do talento dos irmãos Davies (Ray à cabeça) a tantos trechos que julgaria perdidos sem remissão nas profundezas da memória (“You Really Got Me”, “Sunny Afternoon”, “I’m Not Like Everybody Else”, “Waterloo Sunset” ou “Lola”, quem nunca teve um momento de exaltação ou um arremedo de paixão algures em torno?).

E, pense cada um o que quiser pensar, juro que o insistente pedido da menina do underground nunca foi ao ponto de me trazer à cabeça o gap. Que, no caso, não seria entre a plataforma e a carruagem mas entre o que está e o que já esteve...



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