Não pode propriamente dizer-se que as primárias para as eleições presidenciais argentinas tenham resultado numa surpresa. Mas, ainda assim, há sinais promissores de alguma viragem na contaminada paisagem política do país. Quer porque Daniel Scioli, o vencedor e candidato oficial, não aparenta ser inteiramente confundível com os Kirchner – que usaram e abusaram nestes últimos doze anos – quer porque o alcalde de Buenos Aires (Mauricio Macri) e até o renovador Sergio Massa estão longe de arredados de poderem vir a provocar uma surpresa traduzível numa viragem ainda mais profunda. Mas o principal facto é que, também na Argentina, os ventos tendem a não soprar de feição para os lados da heterodoxa e populista esquerda latino-americana – e com a social-democracia a ceder globalmente e um pouco por todo o lado, dando claras mostras da sua crescente desinspiração alternativa e de um generalizado recuo da sua anterior capacidade de mobilização em torno do virtuosismo de modelos e práticas concretas, é a direita conservadora quem melhor se vai colocando para se instalar ao comando de uma nova fase já em nítida gestação...
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