quarta-feira, 26 de agosto de 2015

CRESCIMENTOS PARA TODOS OS GOSTOS

(a partir de http://www.ft.com)

Um daqueles gráficos que é do especial agrado de quem gosta de fazer exercícios simples e diversamente orientados em torno do comportamento da mesma variável macroeconómica num determinado conjunto de países em diferentes conjunturas históricas. O foco, no caso vertente, incide no crescimento do PIB, numa amostra constituída por quatro países do Sul da Europa (os velhos PIGS) comparados com a média dos membros da Zona Euro e em seis períodos selecionados desde os anos 60 do século passado até à atualidade.

Inúmeras são as observações possíveis, tantas que me dispenso de ir mais longe do que chamar a atenção para as excecionais dinâmicas de crescimento dos sixties alargados até à primeira crise petrolífera (em termos positivos) e destes tempos pós-queda do Lehman Brothers que vamos vivendo (em termos negativos). Ou para a constância de um melhor desempenho médio da Europa Meridional em relação à média dos seus restantes parceiros institucionais (com algumas exceções nacionais pontuais), facto que apenas deixa de se verificar no contexto da presente crise. Ou, ainda, para certas tendências longas: as persistentes dificuldades italianas, as boas performances gregas fora das fases críticas, as maiores regularidades espanholas, as desequilibradas evoluções portuguesas e o caráter estrutural do baixo crescimento europeu.

E quanto à economia portuguesa mais em concreto? Pois aí estão evidenciados à saciedade um desempenho comparativamente notável antes de 1974 e positivo nas duas últimas décadas do século XX (viabilizando uma marcante convergência real dos rendimentos médios da população portuguesa em relação às economias europeias mais ricas) e um desempenho comparativamente medíocre desde a viragem do século (significativa divergência real). E o pior é que cada vez vejo menos jeitos de darmos a volta a este estado de coisas em que um relançamento sustentado do crescimento surge cada vez mais como uma demagógica arma de arremesso político e uma gritante miragem concreta – angustiante esta nossa sina de “nem o pai morrer nem a gente almoçar”...

(Luís Afonso, http://www.sabado.pt)

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