(Eulogia Merle, http://elpais.com)
Segundo cálculos do Instituto de Investigação Económica de Leibniz recentemente divulgados, a Alemanha poupou cerca de 100 mil milhões de euros (mais de 3% do seu PIB) com a queda dos seus custos de financiamento desde 2010. Que já vai a um ponto recorde (yield negativo ademais) em termos da procura manifestada nos mercados por empréstimos ao governo alemão numa base de curto prazo. Se os caros leitores quiserem fazer agora o exercício simples de observar (primeiro gráfico abaixo) o comportamento dos yields das obrigações germânicas nos últimos 25 anos, ficarão certamente com uma pálida ideia da dimensão de uma das várias vantagens (sobretudo financeiras, no caso) que a hipótese, o lançamento, a afirmação e a crise do Euro proporcionaram, a respetivo modo e pretexto, aos nossos sempre rígidos e ciosos amigos alemães.
Mas há obviamente mais, muito mais. Veja-se, a título de mero exemplo, o segundo gráfico abaixo, que dá conta da evolução inversamente proporcional registada neste último ano e meio pela cotação em queda do Euro e pelo crescimento das exportações alemãs em alta. Estes ganhos da conjuntura recente seguem-se a mais de uma década de moeda única em consolidação e moderada valorização, durante a qual a Alemanha pôde claramente beneficiar do melhor de dois mundos: a sua pujança e reputação económica, por um lado, e um Euro significativamente menos apreciado do que o que seguramente teria acontecido em idênticas circunstâncias ao marco, por outro.
Se esta não foi, e é, uma “Europa alemã”...
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