Comecemos então a prometida digressão pela Noruega enfatizando o vibrante ambiente que se respira, um ambiente de que ressaltam a indisfarçável autoestima dos cidadãos, a presença ativa da juventude, a forte dinâmica cultural e uma indesmentível preocupação de “reforma”, renovação e modernidade que, embora não poupando na utilização de meios tecnológicos, em nada se confunde com a despropositada sofisticação de outras paragens.
A sociedade está estruturada num fascinante estilo easy going que prevalece em quase tudo o que se nos apresenta pela frente, da confiança na palavra do próximo ao free wifi absolutamente generalizado, dos cartões de crédito universal e ilimitadamente aceites à simplificação das filas inspetivas nos aeroportos, quase tudo, rigorosamente quase tudo está claramente preparado para descomplicar.
Mas não se infiram quaisquer excessos. De facto, e talvez por razões associadas à sua geografia e à sua história, os noruegueses não privilegiam o conforto para além dos mínimos e até parecem primar por um conformismo contemplativo que os leva por vezes a níveis inimagináveis de austeridade e despojamento. A título de exemplo, atente-se apenas naquilo a que por lá se chamam auto-estradas!
(Jenny K. Blake, in “The Norway Way” e Vidar H. Andersen, in “Mannen
som ikke ville”)
Quanto a vícios e manias, os barcos são visivelmente os mais ostentados pelos noruegueses – incrível o parque de veículos de navegação que vamos encontrando ao longo da costa e um pouco por todo o lado onde haja cursos de água! –, somando-se-lhes a tranquilidade, a paz e o isolamento, no quadro de uma preferencial relação com a natureza, enquanto elementos constitutivos das suas prioridades mais intimamente apreciadas.
(Jenny K. Blake, in “The Norway Way”)
Nos espaços públicos, muitos e bons aliás, os noruegueses parecem não prescindir do contributo da escultura e da estatuária – detetável de norte a sul, quer em pequenas povoações quer nas grandes cidades, sendo naturalmente os dois portentosos parques de Oslo, o Frogner (212 estátuas de Gustav Vigeland em bronze e granito – abaixo o famoso “menino com raiva”) e o Ekberg (34 obras de grandes artistas de renome internacional – como Rodin, Renoir, Dali e Botero ou Damien Hirst, Marina Abramovic, Diane Maclean e Richard Hudson, este com a sua “Marylin Monroe” abaixo fotograficamente reproduzida – criteriosamente espalhadas por uma vastíssima extensão de terreno), as mais concentradas e melhores ilustrações artísticas do facto em apreço.
Complementarmente, não deixa de ser também digno de nota que, sem prejuízo da respeitabilidade associada a certas personagens históricas relativamente distantes e/ou envolvidas em episódios de resistência ou afirmação nacionalista, as maiores figuras nacionais sejam provenientes da área cultural – destaco o pintor Edvard Munch (aquele do famosíssimo “O Grito”, de que pude ver ao vivo duas versões), o compositor Edvard Grieg e o escritor Henrik Ibsen.
E por aqui me fico por hoje, não sem sugerir ao leitor que não perca amanhã o próximo capítulo deste meu curto folhetim de curiosidades made in Norge...
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