(Necessitamos de um confronto baseado em evidências)
A relação público-privado constitui um elemento matricial deste blogue e a
educação é certamente um dos domínios de política pública em que esse confronto
é continuamente revisitado. A defesa da escola pública em relação à escola
privada assenta em princípios incontornáveis, como por exemplo a dimensão
inclusiva da Escola e a promoção de melhores oportunidades para os mais
desapossados de meios. Mas esse confronto de ideias no plano dos princípios não
pode estar à margem de um outro confronto, que designo usualmente de baseado na
evidência (evidence-based), que não
se substitui ao primeiro e ao primado dos valores, mas que constitui certamente
um complemento indispensável. E esse confronto baseado na evidência deve ser do
tipo open mind. Por exemplo, a dimensão
inclusiva da escola pública pode não manifestar-se, sobretudo porque a escola não
está isolada da não igualitária sociedade ou, por exemplo, a escola privada
pode em certas situações concretas integrar mais do que excluir.
Esta introdução vem a propósito da recente degradação da posição da Suécia
nos conhecidos testes de Pisa, em que os alunos suecos desceram abruptamente
nas três dimensões de capacidade de leitura, ciências e matemáticas. Mas que
importância assume a má performance sueca nos tão badalados testes de PISA?
A Suécia é conhecida nos últimos anos pelas características do seu modelo
educativo: ensino pré-escolar gratuito, educação formal aos sete anos, escolas
privadas sem propinas e não seletivas e um sistema de vouchers que permite às
famílias escolherem livremente as suas escolas preferidas. No fundo, um modelo
muito próximo do que os liberais da educação tendem a valorizar, livre escolha
das escolas e não seleção à entrada pois o estado assegura através dos vouchers
a procura das mencionadas free schools.
Pois, pelo menos do ponto de vista dos critérios de PISA, o modelo parece não
estar comparativamente a dar-se bem, designadamente em relação ao também bastante
elogiado sistema finlandês, o qual embora centrado na comunidade assenta num
modelo mais fortemente coordenado a nível nacional, sobretudo pelo controlo de
qualidade dos professores.
Para este confronto baseado na evidência podem consultar um post interessante de Roland Dodds no Ordinary Times e uma excelente reportagem do Guardian já datada de junho.
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