quinta-feira, 6 de agosto de 2015

RESULTADOS CONTRADITÓRIOS DA PRIVATIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO




(Necessitamos de um confronto baseado em evidências)

A relação público-privado constitui um elemento matricial deste blogue e a educação é certamente um dos domínios de política pública em que esse confronto é continuamente revisitado. A defesa da escola pública em relação à escola privada assenta em princípios incontornáveis, como por exemplo a dimensão inclusiva da Escola e a promoção de melhores oportunidades para os mais desapossados de meios. Mas esse confronto de ideias no plano dos princípios não pode estar à margem de um outro confronto, que designo usualmente de baseado na evidência (evidence-based), que não se substitui ao primeiro e ao primado dos valores, mas que constitui certamente um complemento indispensável. E esse confronto baseado na evidência deve ser do tipo open mind. Por exemplo, a dimensão inclusiva da escola pública pode não manifestar-se, sobretudo porque a escola não está isolada da não igualitária sociedade ou, por exemplo, a escola privada pode em certas situações concretas integrar mais do que excluir.

Esta introdução vem a propósito da recente degradação da posição da Suécia nos conhecidos testes de Pisa, em que os alunos suecos desceram abruptamente nas três dimensões de capacidade de leitura, ciências e matemáticas. Mas que importância assume a má performance sueca nos tão badalados testes de PISA?

A Suécia é conhecida nos últimos anos pelas características do seu modelo educativo: ensino pré-escolar gratuito, educação formal aos sete anos, escolas privadas sem propinas e não seletivas e um sistema de vouchers que permite às famílias escolherem livremente as suas escolas preferidas. No fundo, um modelo muito próximo do que os liberais da educação tendem a valorizar, livre escolha das escolas e não seleção à entrada pois o estado assegura através dos vouchers a procura das mencionadas free schools.

Pois, pelo menos do ponto de vista dos critérios de PISA, o modelo parece não estar comparativamente a dar-se bem, designadamente em relação ao também bastante elogiado sistema finlandês, o qual embora centrado na comunidade assenta num modelo mais fortemente coordenado a nível nacional, sobretudo pelo controlo de qualidade dos professores.
Para este confronto baseado na evidência podem consultar um post interessante de Roland Dodds no Ordinary Times e uma excelente reportagem do Guardian já datada de junho.

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