Alexandre Afonso, um jovem académico português sediado na Holanda (onde ensina Política Pública na Universidade de Leiden) e que se licenciou na FEUP, acaba de divulgar num blogue especializado e tutelado pela “London School of Economics” um interessante post sobre a realidade política portuguesa. Só o título explica bastante do que o autor visa sustentar, a saber: “Porque a próxima eleição portuguesa não verá o surto de um challenger de extrema-esquerda como o Podemos ou o Syriza”. E, com efeito, Alexandre Afonso sublinha que são a maior proporção de votantes portugueses sem interesse na política em relação a espanhóis ou italianos e os níveis abismalmente similares de desconfiança nos políticos detetáveis nos três países que lhe permitem fundamentar a sua hipótese assim formulada: “votantes descontentes mas politizados escolherão partidos de contestação (voice), enquanto votantes descontentes mas apáticos se absterão (exit)” e, consequentemente, “considerando níveis muito elevados de abstenção (e a emigração), é a segunda estratégia que parece prevalecer em Portugal”.
Mas se o baixo grau relativo de politização dos eleitores portugueses tem a aparente vantagem de jogar a favor de uma menor propensão para populismos em Portugal, o gráfico que ajuda a evidenciar tão esquemática quanto empobrecedora relação de causa a efeito (ver acima) é verdadeiramente assustador quanto ao estado de cidadania que nos carateriza a meio da segunda década do século XXI – atente-se, por exemplo, nos menos de 4% de portugueses que se declaram “muito interessados” na política (contra cerca de 12% em Espanha e 15% em Itália) ou nos mais de 40% que se declaram “nada interessados” em política (contra menos de 30% em Espanha e em torno de 17% em Itália). Tão confrangedor quando estarrecedor!
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