(Cristiano Salgado, http://expresso.sapo.pt)
Deste fim de semana ressaltou uma excelente e corajosa entrevista ao “Jornal i” de uma das raras figuras meritórias da nossa desgraçada vida pública dos últimos anos, o dirigente bloquista João Semedo. Dada por escrito a Ana Sá Lopes, devido à doença que o afetou e a que se refere com a maior das dignidades, a entrevista em causa aborda vários temas relevantes da presente conjuntura nacional – do Bloco de Esquerda (“contaminou [o PS], mas não o suficiente”) e da direção bicéfala de que foi protagonista (“uma liderança a dois dificulta a comunicação política”), do PS e do seu programa (“o programa eleitoral apresentado pelo PS é frustrante para quem entenda que o PS pode ter algum papel numa ruptura com as políticas do passado “ e “uma vitória do PS não mudará o que mais faz falta mudar”), dos novos partidos à esquerda (“se é para defender o mesmo que o PS, basta o próprio PS”), da dívida (“Portugal não tem condições para pagar a dívida nas condições impostas pelos credores”, “a dívida tem de ser reestruturada para nos libertarmos desses juros” e “se os credores recusarem, um governo responsável tem de preparar o país para uma alternativa fora do euro”) ou de Sampaio da Nóvoa (“teve um arranque algo precipitado, isto é, sem ter estabelecido algumas definições políticas prévias que se traduziram depois nalguns equívocos, dos quais me parece ainda não se ter libertado completamente” e “também me parece pouco claro o discurso sobre a Europa e a forma como vê o exercício da Presidência”), designadamente.
Mas o momento mais relevante dos pontos de vista que nos são passados por João Semedo esteve na sua resposta, que abaixo reproduzo para devido registo, a uma questão melindrosa mas central e a que não quis fugir: “para que é que serviu ter votado no Syriza na Grécia?”. E, de facto, nada ficar como dantes não é mesmo nada pouco...
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