segunda-feira, 10 de agosto de 2015

PINCELADAS NORUEGUESAS (I)

(Jenny K. Blake, in “The Norway Way”)

Já frequentara partes significativas dos restantes países escandinavos – sobretudo Estocolmo, Malmo, Gotemburgo e Molle na Suécia, Copenhaga e Aarhus na Dinamarca e Helsínquia na Finlândia – mas a Noruega ainda persistia em falta absoluta na minha lista de viagens to do. Aproveitando o forte empurrão de uma logística muito facilitada por amigos temporariamente instalados em Oslo – um sincero obrigado à Clara e ao Pedro! – e por voos diretos diários da Norwegian relativamente curtos (pouco mais de 4 horas) e a preços razoáveis (embora só a partir de Lisboa), lá foi desta que me decidi a aceitar comprometer-me num início de férias de Verão sem sol e praia e com algum frio e chuva (diziam os locais, especialmente os do norte, que este ano lhes calhou terem dois Invernos, um mais rigoroso no tempo certo e outro menos por estes meses estivais).

Da viagem, que valeu bem a pena, aqui me proponho deixar flashes e algumas dicas tipo “você sabia” que se me tornaram mais primariamente impressivos sobre o país e a sociedade. Sendo que o farei lateralizando deliberadamente três tópicos: o turístico propriamente dito (não falarei das docas de Aker Brygge e dos museus de Oslo, dos pequenos encantos de Drøbak, de Tromsø e das noites inteiras com luz, do percurso costeiro do Hurtigruten, das incríveis Ilhas Lofoten, da familiar atratividade da hanseática Bergen, da espetacularidade dos fiordes, da linha férrea de Flåmsbana que liga Flåm a Myrdal com passagem pela queda de água de Kjosfossen e pelo canto da mítica Huldra...), o mais estritamente economicista (não falarei de tecnicidades, sejam elas o crescimento, o desemprego ou o défice, nem das questões relativas à evolução do preço do petróleo, nem tampouco da coincidência de nomes entre a cidade de Myrdal e aquele Gunnar que foi um grande economista sueco e obteve um Nobel em conjunto com Hayek...) e o associado ao terrível e traumático atentado perpetrado na ilha de Utøya em 2011 (não falarei do nazi Breivik nem da sua sanidade, da sua vida na prisão, dos seus estudos de Ciência Política, das suas 77 vítimas, da iniciativa da juventude trabalhista de ensaiar um regresso a Utøya quatro anos depois...).

(Vista da ilha de Utøya)

 (Kjosfossen)

Sendo ainda que as constatações que mais importa aqui deixar sublinhadas são as que têm a ver com a quase perfeição da organização social que fui podendo observar nestes dias, com as condições que a viabilizaram a partir de um país pobre, periférico, agreste e com uma economia largamente monodependente em relação aos seus recursos piscícolas e com a larguíssima dominância de méritos próprios noruegueses na consecução deste virtuoso processo. Sem prejuízo de todas as legítimas dúvidas que possam colocar-se quanto à real sustentabilidade do modelo económico e social em apreço, sobretudo perante implicações inesperadamente passíveis de serem suscitadas por uma nova crise que force a Noruega a um efetivo acréscimo da sua exposição à concorrência internacional...

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