terça-feira, 9 de setembro de 2014

ANTÓNIOS AO DESAFIO

(Cristina Sampaio, http://expresso.sapo.pt)

Afasto quaisquer estados de alma que possa ter sobre a matéria e procuro a desejável distância na análise. O debate mostrou o que já se adivinhava como o principal resultado destas primárias: os crescentes riscos de uma desagregação no PS. Porque nada, rigorosamente nada, aproxima estes dois camaradas, um apostando quase tudo na aparência de serenidade decorrente do seu incontestável brilho pessoal e político – que pode, todavia, não ser bastante – e o outro pondo as fichas no seu incontestável trabalho de formiguinha – viram que ele até sabia a quanto correspondia o IVA na restauração?

Mas ainda estamos a pouco mais de meio da primeira parte do desafio. Sendo que, enquanto Seguro preparou à exaustão os seus argumentos e jogou hoje – aliás muito corretamente, na sua perspetiva – grande parte dos trunfos que julga ter à sua disposição (da “deslealdade e traição” do adversário à responsabilização do PS de Sócrates, das acusações de “ziguezagues” à força da declaração quanto à necessidade de mudança nas formas de fazer política), Costa esteve demasiado na defensiva – embora bem quando sublinhou que “governar nesta circunstância não é um prémio” – e ou muito me engano ou vai mudar significativamente a sua estratégia de abordagem a estes debates. Esperemos então pelas cenas dos próximos capítulos...

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