Palavra de honra que não me apetecia mesmo nada voltar agora a Cavaco. Mas o dito insiste em periodicamente esparramar aos olhos de todos a sua desavergonhada e chocante ordem de prioridades: primeiro, Maria; segundo, ele; terceiro, ele de novo; quarto, ainda ele; seguidamente, os membros da família; depois, os amigos e correligionários; em antepenúltimo lugar, os institucionais e o País enquanto abstração; em penúltimo, os pobrezinhos e alguns reformados; no fim da lista, todos quantos alguma vez ousaram beliscá-lo e que desapiedadamente erige em inimigos a abater. Sendo adicionalmente que tudo, absolutamente tudo, é funcionalizado ao seu incomparável e intocável umbigo.
Vem isto hoje a propósito da forma indigna e covarde como ontem, e “por uma razão de transparência”, mandou colocar no sítio da Presidência um destaque com as suas declarações coreanas do passado dia 21 de julho acerca do Grupo Espírito Santo, implicitamente pretendendo insinuar que apenas se pronunciou sobre matérias que o governador do Banco de Portugal (BP) antes abordara com afirmações perentórias e categóricas! Ou seja: para se defender de um advogado mais ou menos desconhecido que conseguira fazer uma capa no “Jornal i” dizendo que houve quem investisse no BES por causa das declarações dele, Cavaco não se coibiu de trazer de novo o nome de Carlos Costa (CC) para o centro da questão e de o fazer num momento em que ninguém minimamente informado pode ignorar quanto o essencial mas melindroso papel de CC na solução encontrada tende a provocar ondas de ataque irracional sobre si e o BP em muitas zonas da opinião pública e publicada e em diversos meios económicos e políticos.
Mas já não é de todo Cavaco que me consegue espantar. Porque o que verdadeiramente me perturba é essa acéfala insensibilidade da decadente “inteligência” nacional, uma gente que persiste em esconder a cabeça fingindo que não vê – dificilmente pode haver salvação para uma comunidade que tais elites tem e alegremente reproduz...
Sem comentários:
Enviar um comentário