À medida que vou sendo surpreendido com as cenas
dos próximos capítulos do caso BES, mais vou ficando convencido que mais valia
não escrever sobre um caso sobre o qual uma perspetiva distanciada como a minha
corre sempre o risco de se desdizer de artigo para artigo. Mas o caso BES
integra o universo do capitalismo de compadrio que se instalou em Portugal na
sequência da internalização da revolução democrática e recomposição do tecido
empresarial e financeiro e esse é um traço característico das nossas análises
neste blogue.
A demissão de Vítor Bento, João Moreira Rato e
José Honório é mais uma manifestação de que há coisas para contar que não foram
contadas e que o “não me comprometas” do Governo está hoje totalmente
desacreditado.
Alguém me alertou para a incompreensível presença
na escolha da nova administração do BES-Novo Banco, não esta que foi hoje
tornada pública, mas a inicial posterior ao afastamento de Ricardo Salgado, de
um nome, João Moreira Rato, que estava umbilicalmente ligado à gestão da dívida
pública e que por essa via deveria ter mantido com o BES uma forte ligação. Face
à desinformação que grassa, é natural especular-se sobre as razões da cooptação
desse nome e das origens dessa cooptação. Pelo menos em confronto com os nomes
hoje apresentados, que apresentam uma conotação mais declaradamente bancária do
que os da primeira escolha, a cooptação de Bento, Rato e Honório não pode deixar
de ser melhor escrutinada para que o puzzle comece a ter alguma expressão.
Não ficaremos por aqui porque a realidade
encarregar-se-á de nos brindar com novas peças para esse puzzle em construção.
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