terça-feira, 30 de setembro de 2014

BOA, MOEDAS!


Esta manhã, ouvindo o hearing a Carlos Moedas, confirmei quanto de bom aparelho digestivo e qualidade de rins é necessário para se chegar com sucesso à devida ocupação de certos lugares públicos. E não o digo com qualquer sentido crítico, antes com a admiração de quem sabe que não seria capaz, seja por uma qualquer coerência absurda, por falta de lata bastante ou por insuficiência de verbo à altura.

Cito três exemplos eloquentes. O primeiro foi aquele momento inolvidável em que o menino Carlinhos (ele que me perdoe a meiga liberalidade de lhe chamar assim...) respondeu a um outro Carlos que ele seguramente ou tanto despreza ou tão pouco aprecia (Zorrinho em concreto) que vai ser fiel à “mensagem” que este “começou a passar em Portugal” e que é também a sua – e logo mereceu de Zorrinho um tweet a seu favor! O segundo teve a ver com os ataques que lhe dirigiu Marisa Matias sobre a sua participação central no programa de ajustamento da Troika, aos quais Carlinhos retorquiu: “Foram sacrifícios enormes e eu conheço-os bem, porque os conheço ao nível familiar, ao nível dos meus amigos, e a senhora deputada também. E eu sempre reconheci a dureza e o sacrifício que esse programa foi. Mas Portugal estava num momento em que precisava de dar a volta à sua credibilidade e mostrar àqueles que nos emprestaram dinheiro que era um país credível.” E, para que não restassem dúvidas ainda quis acrescentar para o caso de não se ter notado: “Eu muitas vezes estive em desacordo com a Troika”! O terceiro veio da até agora desconhecida dimensão heterodoxa de Carlinhos que, sem rebuço, jurou a um eurodeputado interrogante que as ciências sociais são muito importantes, especialmente a nível do património cultural, e que devem ser incorporadas a um nível global na investigação e inovação, pois então!

Mas não se conclua do atrás referenciado que Moedas tenha estado mal na sua prova oral. Pelo contrário. Além de arrependido, mostrou-se aplicado e competente, capaz mesmo de se vir a tornar um bom comissário. E se privilegiarmos uma lógica de tipo comparativo, são tanto os trastes que querem vir a ser seus pares que quase podemos patrioticamente orgulhar-nos da flexível prestação do nosso Moedas...

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