sábado, 27 de setembro de 2014

PROGNÓSTICOS SÓ NO FIM DO JOGO


É já amanhã que o Partido Socialista vai a votos, em conjunto com o seu universo de simpatizantes mais próximos. Encerrando um processo de eleições primárias cuja perigosidade está aliás longe de ter sido rechaçada – que estragos irá provocar o derrotado e seus principais acólitos a partir de Segunda-Feira? – mas que não deixa por isso de apresentar um saldo inequivocamente positivo.

Dizendo-o de um jeito que também tem a sua quota parte de autocrítica, tendo então a considerar que o debate aberto por motivação destas primárias foi mais proveitoso do que inútil. De facto, e na circunstância que nos define de um país atravessado por ondas nunca vistas de desinteresse e desânimo, a movimentação que se criou em torno de possíveis alternativas de governação sobreleva largamente em relação ao estafado verbo crítico por aí espalhado a variadíssimos títulos por toda uma infindável chusma de “inteligentes” e “treinadores de bancada”.

Muito podia ter sido diferente? Podia. Teria sido interessante mais aprofundamento em algumas questões? Teria. Os contendores cometeram erros? Cometeram. Houve apoiantes inenarráveis e contraproducentes? Houve. A batota não está excluída? Não estará. Existem ainda muitas incertezas quanto ao que se seguirá? Existem. E no entanto...

No entanto, predominam os adquiridos já irrefutáveis. Desde logo, o número de simpatizantes que aceitou inscrever-se – cerca de 150 mil num partido que tem pouco mais de 90 mil militantes é relevante – e a apetência pública pelos debates televisivos – por muito que possam ser denunciadas diversas dimensões do seu conteúdo concreto, seja em termos de uma satisfatória presença de proposta seja em termos das acusações de indigência relativamente a algumas das formas assumidas (moralismos à parte). Mas há que valorizar, sobretudo, o facto de se ter tratado de uma iniciativa inédita de abertura num país tão fustigado por um sistema partidário caduco e bloqueado e, ainda, o ganho de visibilidade e relegitimação que advirá deste processo, qualquer que seja o seu vencedor, para quem se vier a apresentar a eleições legislativas como o mais representativo dos candidatos que rejeitam o desgraçado estado de coisas atual.

Na melhor das hipóteses – i.e., se a unidade do PS não vier a estar em causa –, a natureza do jogo (é ou um ou o outro) leva a que o futuro nem tudo cabalmente possa vir a esclarecer (será uma realidade contra as promessas de uma diferente). Mas certamente que o País muito ganharia se viesse a poder contar com o Seguro mais afirmativo que conheceu nesta campanha (inclusive em termos de uma escolha menos condicionada das principais companhias e conselheiros) ou com o Costa mais carismático que esperava encontrar nesta campanha (inclusive em termos de uma escolha menos flexível das principais companhias e conselheiros). Porque tão desejável como a unidade na ação serão as linhas vermelhas a traçar...

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