segunda-feira, 8 de setembro de 2014

BENTO, O HOXHAÍSTA

(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)

Quase trinta anos depois da morte do tão idolatrado camarada Enver Hoxha, a longa orfandade de que os albaneses nunca se recompuseram parece ter encontrado ontem uma minimização à altura na pessoa daquele “mister Paulo Bento” que lhes proporcionou a maior alegria desportiva da sua história, ultrapassando todos os horizontes de esperança com que o marxismo-leninismo alguma vez lhes acenara.

É certo que a sanha destruidora de Bento já vinha muito de trás, tendo mesmo logrado alguns dos seus maléficos intentos na Copa do Brasil, mas só desta vez se pode considerar que esteve perfeito. Meia dúzia de ilustrações de almanaque: (i) em maio, chamara Rafa em vez de Quaresma em nome do início de uma dada renovação de que agora rapidamente se arrependeu ao fazer aquele regressar aos “Sub 21” em troca de uns outros miúdos que decidiu trazer em estreia absoluta (Ricardo Horta, Ruben Vezo e Pedro Tiba); (ii) também em maio, deixara incompreensivelmente de fora um médio jovem e competente – Adrien – e agora convocou-o para o banco, enquanto fazia jogar um verdadeiro e misterioso Midas que dá pelo nome de André Gomes; (iii) aceitou dar descanso a Cristiano Ronaldo, mas entendeu que o promissor e explosivo Bruma seria o convocado natural a deixar sentado na bancada (jogando Vieirinha e, depois, Cavaleiro); (iv) embora já não tenha tido coragem para chamar Postiga e Hugo Almeida, insistiu como ponta-de-lança naquele rapaz do Braga (Éder) que já mostrou que nem ao Marques Mendes ganhava uma bola de cabeça; (v) quando sofreu um golo, entendeu ser o momento de resolver o problema metendo um daqueles tremeliquentos estreantes; (vi) à entrada do último quarto-de-hora, em desesperada procura de um golo, retirou um central mas para fazer jogar um veloz e cada vez mais engordurado Miguel Veloso. Dizem que democracia é liberdade mas daí até considerar livre a asneira irresponsável e arrogante, meu caro Fernando...

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