Confesso que a disputa interna do PS já entrou
para mim em fase de rendimentos decrescentes de motivação desde a tensão
inicial suscitada pelo desafio tornado público de António Costa. Para isso
muito contribuiu o aparecimento em cena de gente verdadeiramente “empolgante”
como António Galamba (AJS) e Marcos Perestrelo (AC), que é conhecida
seguramente por muita coisa mas seguramente (costamente também) nada de intelectualmente
entusiasmante. Depois, porque se a plêiade de apoiantes de Seguro aponta para
um friso de jovens apoiantes que salivam o poder de modo demasiado visível, na
frente dos mais velhos apoiantes de Costa há demasiada inércia para meu gosto, com
a exceção como é óbvio que está acima de toda estra tralha como Jorge Sampaio.
Por isso, sem grande convicção, lá esperei que o
sal dos debates televisivos me pudesse espevitar e justificar a futura deslocação
imagino a uma secção partidária onde o simpatizante AMF inscreverá o seu voto.
O debate de hoje não conseguiu espevitar a minha
letargia política pós-férias. Tédio foi a primeira associação que me chegou ao
pensamento.
António José Seguro tinha uma estratégia
anunciada, publicitou-a sem rodeios nas intervenções das últimas semanas,
sistematicamente papagueada pelo sempre “brilhante” Eurico Brilhante Dias. A sua
intervenção no debate de hoje, aparentemente mais preparada do que a de António
Costa, apontou sem surpresas para a vitimização de quem não espera ser arredado
da hipótese de comandar o país. Distanciação fora de tempo da governação de Sócrates,
promessas grandiloquentes, de demissão até se for obrigado a aumentar impostos,
incapacidade de distanciação crítica do memorando ignorando que o contexto da
sua aplicação não foi nem de perto nem de longe semelhante ao da sua
assinatura. Não são estas as características que julgo serem necessárias para a
governação. Seguro revela fragilidades à distância mesmo sem o calor do
contexto e não me dá segurança que em pressão tenha nervos de aço necessários à
governação, atento às por vezes reduzidas margens da transformação possível. Talvez
tenha agradado aos que continuam presos a uma conceção formal do exercício da
governação.
Costa não esteve bem, sendo por exemplo bem mais
claro num conjunto de ideias que apresentou já fora do debate de saída da TVI. A
sua estratégia de obedecer rigorosamente ao timing
definido para a apresentação das ideias ao País remetendo para passos posteriores
alguns compromissos mais claros tem lógica mas corre o risco de forte penalização.
Receio que alguma sobranceria na avaliação do potencial de resposta do seu
adversário e fiéis próximos esteja a produzir os seus efeitos. Corre o risco de
chegar desgastado ao tal momento de apresentação ao país de propostas mais
concretas.
Tédio, vitimização e alguma sobranceria não são
propriamente as tónicas de debate necessárias para espevitar a malta.
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