sábado, 20 de setembro de 2014

HORTA À ESTOCADA


António Horta Osório (AHO) declarou hoje publicamente o seguinte a propósito do papel a desempenhar por Eduardo Stock da Cunha (ESC) na presidência do Novo Banco: “O papel a desempenhar neste processo é de minorar a perda, porque vai haver uma perda obviamente. Aconteceram irregularidades gravíssimas no banco, o banco perdeu a marca, o banco perdeu muita confiança, o banco teve que receber muito capital em consequência, obviamente que vai haver uma perda. Agora a questão é minorar essa perda de maneira a minorar o impacto na conta dos outros bancos, que pagam a conta, e portanto indiretamente o impacto nos contribuintes.”

Comecei por não compreender a razão de ser do que estava a ouvir. O que poderia levar um gestor experiente, habitualmente cauteloso como todos os bons financeiros, a vir fazer eco de uma argumentação desvalorizativa do valor de um ativo que se quer vender? Ademais, no dia seguinte a ESC ter entrado no dito banco com um discurso centrado numa missão orientada para a criação de valor...

Já mais à noite, fazia eu zapping televisivo quando me deparei novamente com AHO, agora em entrevista à RTP Informação. Na qual, e para além de uma muito consequente defesa da atuação de Carlos Costa em todo o processo que conduziu à evidência de ilegalidades no BES e ao seu desmantelamento, voltou à sua de que a perda no Novo Banco será um facto. E, aqui chegados, só consigo explicar este afã de AHO pelo provável cruzamento de duas trajetórias que ele estará a antecipar para subsequente confirmação oficial: por um lado, os buracos que por ali pairam são afinal crateras; por outro lado, os compradores que desejam e se desejam não querem desembolsar muito. Ou não estarei a ver bem?

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