Os responsáveis da “Sábado”, e o seu jornalista de investigação António José Vilela, devem saber à ganância acerca do chamado passado profissional de Passos. Depois daquela elucidativa entrevista ao ex-dono da Tecnoforma (já aqui referida em post de 6 de julho, após outras referências e 9 de outubro e 3 de dezembro de 2012), esta semana voltaram à carga com mais um exclusivo: “Passos acusado de ilegalidade”. Que abre assim: “Uma denúncia apresentada no Ministério Público garante que, enquanto deputado em exclusividade de funções, Passos Coelho recebeu ilegalmente 5.000 euros por mês da Tecnoforma. As autoridades já estão a investigar as contas da empresa.”
Passos logo reagiu através de comunicado, reafirmando na noite passada em Serralves o essencial da hábil argumentação que lhe urdiram: “Enquanto cidadão tenho consciência e convicção de ter cumprido sempre todas as minhas obrigações legais” e “não tenho presente todas as responsabilidades que desempenhei há quinze anos, há dezassete e há dezoito anos e, portanto, é-me difícil estar a detalhar circunstâncias que não são, nesta altura, claras, mesmo nas supostas denúncias que terão sido feitas”.
Decomponhamos a oração. Por um lado, o amadurecido cidadão já não tem presente todas – todas? – as responsabilidades de que foi incumbido quando era jovem – o tempo é realmente um falso e ingrato amigo! Por outro lado, o cidadão de que Relvas e Marco fizeram primeiro-ministro respira hoje uma tal firmeza de personalidade que só pode – o que quer que possa ter realmente acontecido – estar absolutamente convencido de que sempre cumpriu a legalidade. Magistral!
Mas mais magistral ainda será que venhamos a verificar, como algumas vozes já começam a apontar, que a alegada ilegalidade ou será arquivada por prescrição ou não o será porque “as empresas têm direito de participar na vida política, desde que haja interesse público” (tese do DIAP de Coimbra). Casos em que nenhuma investigação irá prosseguir e, consequentemente, nunca a memória de Passos (sobre os termos e os retornos do seu envolvimento num elaborado projeto de formação de técnicos camarários para aeródromos) poderá ser tão devidamente avivada quanto ele, nas suas atuais vestes de imaculada idoneidade, certamente gostaria...
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