quarta-feira, 10 de setembro de 2014

E O DEBATE ESPEVITOU …



Costa e Seguro parecem ter ouvido as minhas queixas. Menos tédio, vitimização e calimeros ausentes do debate político e menos sobranceria. Costa e Seguro estiveram perto de um debate político mais sério. Costa parece ter levado a sério o adversário e deu mostra por fim de uma estratégia de debate para o afrontar. Seguro começa a compreender que a vitimização não colhe e que é necessário enfrentar as questões da governação.
Isto não significa que se abram ainda nos candidatos grandes fendas de interrogação quanto a problemas centrais sobre os quais qualquer cidadão minimamente consciente aspira a ter um contributo político credível.
A primeira diz respeito às políticas para o crescimento económico. Nenhum dos candidatos apresentou ainda uma abordagem coerente ao tema. Meu caro António José Seguro não chega falar de reindustrialização. É fundamental discutir que margem a União Europeia nos concede para uma política industrial, mesmo que tenhamos de concluir que só por via dos Fundos Estruturais e de Investimento europeus poderemos lá chegar. Meu caro António Costa, algumas luzes no discurso (renováveis e regeneração urbana) necessitam de ser integradas numa proposta mais abrangente e coerente, sobretudo num quadro em que cada vez mais estamos reduzidos ao sistema de PME fortemente territorializado como instrumentos estruturantes dessas apostas.
A segunda diz respeito à máxima que Sampaio popularizou de que “há vida para além do défice”. Não está em causa o timing socialmente adequado para a consolidação orçamental. Mas nenhum dos candidatos, agora ou na antecâmara da governação que os portugueses lhes queiram proporcionar, pode fugir à questão da reorganização do Estado e suas implicações na minimização do défice público. Tudo isto pressupondo que conseguimos reduzir o fardo dos juros da dívida.
Não adianta assobiar para o lado.

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