Costa e Seguro parecem ter ouvido as minhas
queixas. Menos tédio, vitimização e calimeros ausentes do debate político e
menos sobranceria. Costa e Seguro estiveram perto de um debate político mais sério.
Costa parece ter levado a sério o adversário e deu mostra por fim de uma estratégia
de debate para o afrontar. Seguro começa a compreender que a vitimização não
colhe e que é necessário enfrentar as questões da governação.
Isto não significa que se abram ainda nos
candidatos grandes fendas de interrogação quanto a problemas centrais sobre os
quais qualquer cidadão minimamente consciente aspira a ter um contributo político
credível.
A primeira diz respeito às políticas para o
crescimento económico. Nenhum dos candidatos apresentou ainda uma abordagem
coerente ao tema. Meu caro António José Seguro não chega falar de
reindustrialização. É fundamental discutir que margem a União Europeia nos
concede para uma política industrial, mesmo que tenhamos de concluir que só por
via dos Fundos Estruturais e de Investimento europeus poderemos lá chegar. Meu
caro António Costa, algumas luzes no discurso (renováveis e regeneração urbana)
necessitam de ser integradas numa proposta mais abrangente e coerente,
sobretudo num quadro em que cada vez mais estamos reduzidos ao sistema de PME
fortemente territorializado como instrumentos estruturantes dessas apostas.
A segunda diz respeito à máxima que Sampaio
popularizou de que “há vida para além do défice”. Não está em causa o timing socialmente adequado para a
consolidação orçamental. Mas nenhum dos candidatos, agora ou na antecâmara da
governação que os portugueses lhes queiram proporcionar, pode fugir à questão
da reorganização do Estado e suas implicações na minimização do défice público.
Tudo isto pressupondo que conseguimos reduzir o fardo dos juros da dívida.
Não adianta assobiar para o lado.
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