quarta-feira, 10 de setembro de 2014

PASSOS E O REGRESSO DA AUSTERIDADE EXPANSIONISTA


Apesar dos abraços e beijos com que presenteou Samaras em Atenas, Passos estava lá numa muito bem definida missão de serviço político e doutrinário. Sempre obediente às ordens de Merkel e Schäuble, não hesitou em proclamar que a dívida está muito alta, que não temos espaço de manobra para falhar os objetivos, que o governo fará os esforços necessários para atingir os 2,5% de défice para o ano, ou seja, que Portas não vai levar a sua avante no sentido de impor qualquer redução mais ou menos imediata de impostos em Portugal. E assim prosseguiu a despeito de um chefe grego que afirmava explicitamente a sua necessidade absoluta de baixar os impostos para não sufocar a economia...

Mas mais. Sempre fiel à sua teimosia e bom papagaio do guião que lhe foi ensinado e decidiu meter na cabeça a martelo, Passos quis ainda afirmar – mesmo que em contracorrente face ao recuo, com o rabo entre as pernas, da maioria dos seus inspiradores ideológicos à vista da cruel realidade dos factos – o seu aparentemente convencido convencimento quanto ao discurso económico que tanto ajudou a enterrar a Europa e a Zona Euro. E disse, qual teórico da treta: “Uma economia não depende apenas do orçamento do Estado. Se quisermos criar condições para o crescimento da economia, é de esperar que o governo possa oferecer condições de estabilidade para os investidores privados fazerem o que fazem normalmente: investir e criar emprego sustentável e crescimento. No nosso passado, há exemplos de ajustamentos pela consolidação orçamental que não puseram em risco o crescimento económico. Sim, é possível a uma economia crescer apesar dos esforços de consolidação orçamental – fizemo-lo no ano passado, estamos a fazer o mesmo este ano e faremos o mesmo no próximo.” Sim, é possível?

Em suma: estivemos assim perante uma visita que foi mais uma portentosa exibição europeia desse nosso tão habilidoso quanto assumido e ignorante líder material e espiritual – melhores dias virão! Ou não?

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