Não, não se trata de uma tentativa de projetar no
Porto a canção de Sérgio Godinho e Caetano. Apenas um registo breve e circunstancial
de quem teve de ir ao Porto pela manhã. Para mim, como tenho repetidas vezes
sublinhado neste blogue, as cidades são feitas de atmosferas e afetos e a minha
experiência de visitante acidental ou frequente reflete essa procura.
No Porto de hoje que amanhecia em torno da zona
de que estou afetivamente mais próximo, Cordoaria, Carmo, Carlos Alberto, Ceuta,
José Falcão, Cândido dos Reis e adjacências, os grupos de turistas
multiplicavam-se e o seu número era tão elevado que chegavam a confundir-se uns
com os outros. As atmosferas e as vivências da Cidade passam hoje por uma fase
de transformação. Atraíram essa procura e começam a sofrer a influência
positiva das mesmas. Grande parte das iniciativas e dos pequenos negócios que têm
desabrochado seriam impensáveis sem essa massa crítica de visitantes e isso
significa que a transformação aconteceu. Algum declínio comercial é ainda visível,
mas esse foi determinado por um fenómeno transversal no país, a crise do
mercado interno e o substancial corte no rendimento das famílias.
Com uma dinâmica desta natureza, onde se combinam
o êxito do surto turístico e a capacidade de iniciativa não dependente das
benesses da corte, impunha-se uma Presidência de Câmara capaz de a entender e
de a potenciar. Mesmo descontando as vicissitudes internas do projeto que levou
Rui Moreira ao poder, a Presidência parece estar no rumo certo da catalização
dessa iniciativa. É um pormenor mas a Câmara recebeu Oliver Stone e presenteou-o
com a medalha de honra da Cidade. Uma aragem diferente atravessa o poder. Por agruras
do trabalho não pude frequentar nem o D’Bandadas, nem a nova formulação da Feira
do Livro, ambas apostas ganhas pelos relatos que consegui reunir.
É bom sinal, basta potenciar os ventos da
mudança.
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