(Nicolas Vadot, http://www.levif.be)
Importa acompanhar o que está a acontecer na Tunísia destes anos subsequentes à “Revolução de Jasmim”. E então? Bom, ao certo, ao certo, ninguém pode jurar: para uns, vive-se somente uma situação de aparente acalmia, no rescaldo dessas movimentações e incidentes que por lá ocorreram há cerca de quatro anos e que culminaram com a fuga do ditador Ben Alí; para outros, mais otimistas, trata-se do regresso a uma plena normalidade democrática (processo constitucional encetado e concluído, eleições legislativas realizadas no domingo passado e eleição presidencial marcada para 23 do corrente mês).
De qualquer das formas, há desde logo uma razão de peso para deixar uma menção pela positiva: a vitória (85 eleitos contra 69, num total de 217 lugares parlamentares) do partido laico (Nidaa Tounès, liderado por Béji Caid Essebsi) contra os islamitas moderados (Ennahda) do histórico Rached Ghannouchi. Mas, dito isso e devidamente registados os ventos menos favoráveis ao islamismo mais radical, muitos são os indicadores de preocupação no sentido do seu eventual recrudescimento: o mais saliente tem a ver com a grave conjuntura económica e social em curso, agravada por fortes sinais e manifestações de insegurança, mas a esses factos juntam-se ainda os riscos políticos propriamente ditos: a provável eleição presidencial do candidato do partido secular, concentrando neste todos os poderes essenciais; os 87 anos de Caid Essebsi; a miscelânea que carateriza o Nidaa Tounès, a saber, uma espécie de frente integrando gente da esquerda ao centro direita e muitos caciques do partido de Ben Alí. Ou seja: num quadro de quase total ausência de verdadeiras referências de estabilidade, e ainda que sem o malefício do golpe militar, está longe de poder ser excluída uma réplica do regime autoritário e anti-islamita do Egito...
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