domingo, 2 de novembro de 2014

UM AUTOR DE COLHEITA




Na Bloomberg Business Week (Global Economics) de 30 de outubro podia ler-se num artigo de Peter Coy, que se recomenda, o seguinte excerto:
“(…) Há um médico disponível e as suas prescrições são mais relevantes do que nunca. É verdade que nos deixou em 1946. Mas mesmo a partir do passado, o economista Britânico, investidor e funcionário público John Maynard Keynes tem mais para nos ensinar acerca de como salvar a economia global do que um exército de modernos Phd equipados com modelos de equilíbrio geral dinâmico e estocástico. Os sintomas da Grande Depressão que corretamente diagnosticou estão de volta, embora felizmente em menor escala: desemprego crónico, deflação, guerras entre moedas e políticas económicas à custa do vizinho”.
A onda está aí e Anatole Kaletsky na Reuters cavalga a mesma ideia, defendendo que são as ideias de Keynes as mais apetrechadas para nos ajudar a sair de seis anos de perturbação económica continuada.
A perenidade das ideias keynesianas de raiz (e não estão aqui em causa as diferentes tentativas de renovação do pensamento keynesiano) contrasta com a total ausência de fundamentação do arremedo de políticas que se têm limitado a prolongar um início de recuperação mal resolvido. É de facto uma interrogação universal perceber como é que a coerência de um pensamento como o de Keynes, contextualizado para situações macroeconómicas deste calibre e natureza, é preterida em favor de um conjunto atamancado de receitas dispersas, avulsas, sem fundamentação teórica e evidência empírica de suporte credível. Daqui a algumas décadas, com a distância necessária, investigadores estudarão as razões da resistência de decisores e políticos a aplicar a superioridade das ideias de Keynes e da sua troca por abordagens típicas de aprendizes de feiticeiro. E provavelmente chegarão a explicações que só os “vested interests” da política explicarão essa teimosia. Um dos patronos do nosso blogue teria uma explicação não afastada dessa provável conclusão futura.

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