Na Bloomberg Business Week (Global Economics) de 30 de outubro podia ler-se num artigo de
Peter Coy, que se recomenda, o seguinte excerto:
“(…) Há um médico disponível e as suas prescrições são mais
relevantes do que nunca. É verdade que nos deixou em 1946. Mas mesmo a partir
do passado, o economista Britânico, investidor e funcionário público John
Maynard Keynes tem mais para nos ensinar acerca de como salvar a economia
global do que um exército de modernos Phd equipados com modelos de equilíbrio
geral dinâmico e estocástico. Os sintomas da Grande Depressão que corretamente
diagnosticou estão de volta, embora felizmente em menor escala: desemprego crónico,
deflação, guerras entre moedas e políticas económicas à custa do vizinho”.
A onda está aí e Anatole Kaletsky na Reuters
cavalga a mesma ideia, defendendo que são as ideias de Keynes as mais
apetrechadas para nos ajudar a sair de seis anos de perturbação económica
continuada.
A perenidade das ideias keynesianas de raiz (e não
estão aqui em causa as diferentes tentativas de renovação do pensamento
keynesiano) contrasta com a total ausência de fundamentação do arremedo de políticas
que se têm limitado a prolongar um início de recuperação mal resolvido. É de
facto uma interrogação universal perceber como é que a coerência de um
pensamento como o de Keynes, contextualizado para situações macroeconómicas
deste calibre e natureza, é preterida em favor de um conjunto atamancado de
receitas dispersas, avulsas, sem fundamentação teórica e evidência empírica de
suporte credível. Daqui a algumas décadas, com a distância necessária,
investigadores estudarão as razões da resistência de decisores e políticos a
aplicar a superioridade das ideias de Keynes e da sua troca por abordagens típicas
de aprendizes de feiticeiro. E provavelmente chegarão a explicações que só os “vested interests” da política explicarão
essa teimosia. Um dos patronos do nosso blogue teria uma explicação não
afastada dessa provável conclusão futura.
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