Um início de fim de semana para mais tarde recordar. Destaque inequívoco para o memorável concerto “Encontro de Gigantes” na Casa da Música – uma experiência absoluta, sobretudo para leigos na matéria –, com a Orquestra Sinfónica do Porto a ser dirigida por Peter Eötvös e a estreia em Portugal de duas peças originais de dois grandes compositores contemporâneos – Harrison Birtwistle, concerto para piano e orquestra (Responses: Sweet Disorder and the Carefully Careless) contando com a interpretação do grande pianista Pierre-Laurent Aimard, e o próprio Peter Eötvös, concerto para voz branca, barítono, cimbalão, coro virtual e orquestra (Atlantis). Do programa: “De sonoridades aquáticas e absolutamente surpreendentes, criando um mundo de fantasia que nos transporta para o mítico arquipélago submerso de Atlântida”.
Antes estivera numa inauguração da Fundação de Serralves, com especial saliência para a primeira grande exposição dedicada ao SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local), um projeto pioneiro de fusão entre arquitetura e participação direta criado poucos meses depois do 25 de Abril de 1974 de que são apresentados 10 projetos exemplares através de maquetas, fotografias históricas, gravações sonoras, documentários e filmes. Uma exposição organizada pelo Museu de Serralves em colaboração com o Canadian Center for Architecture (Montreal) e comissariada pelo curador independente Delfim Sardo. A mostra também inclui uma instalação de Ângela Ferreira e fotografias atuais de André Cepeda, José Pedro Cortes e Daniel Malhão sobre as repercussões do SAAL. Pessoalmente, quero aqui mencionar dois nomes relevantes e talvez insuficientemente chamados à primeira linha do guião, Nuno Portas e Alexandre Alves Costa.
Tempo ainda para visitar a primeira exposição antológica de obras geométricas com espelhos e desenhos de uma reputada artista iraniana (Monir Shahroudy Farmanfarmaian) a cuja apresentação não pudera aceder na semana anterior. Comissariada por Suzanne Cotter – valeu! –, a mostra é belíssima e terá continuidade próxima no Guggenheim de Nova Iorque. Cito do programa: “Embora a sua prática artística também se apresente sob a forma de pintura narrativa, é a sua abordagem distintiva à abstração geométrica que melhor permite uma entrada cativante numa obra em que conceitos de repetição e de progressão, aliados às tradições estéticas da arquitetura e da decoração islâmicas, proporcionam, nas palavras da artista, uma ‘infinita possibilidade’”.
Antes ainda, tempo para uma reconfortante passagem pelo Museu Nacional Soares dos Reis, onde a escultora e joalheira Ana Fernandes expunha algumas das peças que criou ao longo da vida com inspiração em elementos colecionados a partir do seu quotidiano. Onde a qualidade do trabalho da Ana foi ao encontro de uma vastíssima e multifacetada massa humana (incluindo uma representação a 100% deste blogue), aliás a melhor prova da grandeza dos seus atributos pessoais.
Sem comentários:
Enviar um comentário