quarta-feira, 26 de novembro de 2014

ESTAGNAÇÃO PERSISTENTE



Falava eu aqui ontem numa retoma pífia na Zona Euro e nem de propósito, lendo o recentíssimo “Economic Outlook” da OCDE, encontro nele novos e interessantes elementos tecnicamente comprovativos do enganoso discurso económico com que os principais responsáveis políticos europeus vão insistindo em nos embalar. O quadro acima, reportando-se muito apropriadamente a uma seleção de traços tendenciais (“armadilhas”, referem os autores) de “estagnação persistente” (ou “estagnação secular”, fenómeno aqui recorrentemente objeto de análise pelo António Figueiredo na esteira dos contributos de Lawrence Summers), é disso uma ilustração exemplar – cito: “na área [Zona Euro] como um todo, o golpe no output potencial associado à crise foi significativo e a queda na taxa de juro neutra implica que o declínio da política de taxas de juro para cerca de zero pode não estar a proporcionar estímulo suficiente. A dinâmica do crescimento atual e potencial tem sido medíocre e a frouxidão permanece grande, especialmente nos mercados de trabalho. Estes traços de estagnação foram particularmente fortes nos países vulneráveis.” As recomendações de política resultantes são também meridianas e incluem mesmo essa maldita e diabólica ideia de uma desaceleração dos termos previstos para o ritmo de consolidação orçamental estrutural – vale a pena ler uma síntese:



Enquanto isto, o nosso velho conhecido Schäuble apresentava no “Bundestag” o seu orçamento para 2015, excedentário pois claro porque a rigidez da política orçamental é um inultrapassável ponto de honra. Sendo que, ainda na véspera, voltara à sua de que “o comissário dos Assuntos Económicos deve ter direito de veto sobre os orçamentos que infrinjam os critérios europeus de estabilidade”. Começo a convencer-me de que esta Europa não tem mesmo saída...

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